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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Arábia Saudita executa 47 pessoas e corta relações com o Irã

A ditadura saudita anunciou a execução de 47 pessoas, incluindo um líder religioso xiita. Em Teerão, os protestos não se fizeram esperar e os sauditas cortaram relações com o Irã. Amnistia e ONU condenam execuções. Robert Fisk diz que execuções são dignas do Estado Islâmico. Recorde a visita de Paulo Portas à Arábia Saudita.

Iemenita segura cartaz em apoio ao xeique Nimr em outubro de 2014, quando ele foi condenado à morte
No sábado passado, 2 de janeiro de 2016, a ditadura saudita anunciou a execução de 47 pessoas, entre as quais o clérigo xiita Nimr Bager al-Nimr, opositor à monarquia saudita. As pessoas executadas foram degoladas à espada ou fuziladas a tiro. As execuções deram-se em 12 cidades e as acusações foram de união a “organizações terroristas” para implementar “planos criminosos”. O líder xiita Nimr al-Nimr era um forte crítico do regime saudita e tinha sido condenado à morte em outubro de 2014, acusado de rebelião, "desobediência ao soberano" e "porte de armas".
Na Arábia Saudita, as execuções aumentaram significativamente desde janeiro de 2015, quando chegou ao trono o rei Salman, após a morte do seu pai. ONG's dos direitos humanos referem que a Arábia Saudita executou em 2015, pelo menos, 157 pessoas, acusadas de crimes variados.
Arábia Saudita corta relações com o Irão
O Irã condenou, de imediato, a execução de Nimr, tendo o aiatolá Ali Khamenei escrito no twitter, que o clérigo executado “nunca incitou pessoas a pegar em armas” e que “a única coisa que ele fez foram críticas públicas”. Em Teerão, a embaixada saudita foi assaltada e milhares de pessoas manifestaram-se na rua. O reino saudita anunciou o corte de relações com o Irão e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, indicou, em conferência de imprensa, que os diplomatas iranianos têm 48 horas para sair do país.
Justiça monstruosa e irreversível”
A Amnistia Internacional condenou as execuções, considerando que cumprir estas sentenças de morte "quando há sérias dúvidas sobre a legitimidade do julgamento, é uma justiça monstruosa e irreversível".
"O assassínio de al-Nimr sugere que as autoridades da Arábia Saudita estão a usar a pena de morte em nome do antiterrorismo para ajustar contas e oprimir os dissidentes", referiu, em comunicado, o diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther.
ONU condena execuções
Ban Ki-moon condenou neste domingo, 3 de janeiro de 2016, as execuções, declarando em comunicado que "Al Nimr e outros dos prisioneiros executados foram condenados após julgamentos nos quais houve sérias dúvidas sobre a natureza das acusações e a imparcialidade do processo".
O secretário-geral da ONU reafirmou a sua “firme oposição” às execuções e apelou ao fim da pena de morte na Arábia Saudita.
Execuções dignas do Estado Islâmico”
Em artigo publicado no jornal britânico “The Independent”, Robert Fisk afirma: “A orgia de decapitações da Arábia Saudita – 47 no total, entre as quais a do erudito clérigo xiita xeique Nimr Baqr al-Nimr, seguida por uma justificação corânica das execuções – foi digna do Estado Islâmico.”
Fisk salienta que a execução de Nimr “revigorará a rebelião huti no Iémen”, “enfureceu a maioria xiita no Bahrein” e acentuará no Ocidente “o mais vergonhoso problema do Médio Oriente: a persistente necessidade de se humilhar com servilismo perante os ricos autocratas do Golfo ao mesmo tempo que expressa inquietação com a grotesca carnificina”.
Considerando que “as execuções são uma forma sem precedentes de dar as boas-vinda ao Ano Novo”, o jornalista e especialista sobre o Médio Oriente termina o artigo perguntando se “por acaso, os governantes do reino perderam o juízo?”
Oposição alemã apela a fim de “aliança estratégica”
A oposição parlamentar alemã criticou governo de Angela Merkel, pelo seu “intolerável silêncio” face às autoridades sauditas e apelou a que rompa com a “aliança estratégica” entre a Alemanha e a Arábia Saudita.
O líder dos Verdes, Cem Özdemir, acusou o governo de Merkel de pôr os “interesses económicos e as exportações de armamento” à frente da defesa dos direitos humanos.
Sevin Dagdelen, porta-voz do Die Linke para oe Negócios Estrangeiros, criticou a "relação de parceiros estratégicos" que o governo de Berlim mantém com a Arábia Saudita.
A visita de Paulo Portas à Arábia Saudita
Paulo Portas com o ministro do Comércio saudita, foto de portugal.gov.pt
Paulo Portas com o ministro do Comércio saudita, foto de portugal.gov.pt
Em abril de 2014, Paulo Portas, visitou oficialmente a Arábia Saudita, com uma comitiva de 45 empresários. Nessa visita, foi assinado um protocolo para o fim da dupla tributação de impostos entre Portugal e a Arábia Saudita, por Paulo Portas e pelo ministro de Comércio saudita.
O então vice-primeiro do governo PSD/CDS-PP declarou aos sauditas: “Ponham Portugal no GPS dos vossos investimentos. Estamos abertos a capital estrangeiro, podem desenvolver os vossos investimentos e criar emprego no nosso país. Temos empresas que querem fazer parcerias com os parceiros certos na Arábia Saudita”. Não foi noticiado que Paulo Portas tenha falado de direitos humanos nesta visita à Arábia Saudita.

Esquerda.net

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