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sábado, 9 de janeiro de 2016

O envelhecimento brasileiro por grupos quinquenais até 2050



Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
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A população brasileira está passando por uma grande transformação de sua estrutura de sexo e idade, com a redução da base da pirâmide e o alargamento do topo. Mas o processo de envelhecimento não se dá de maneira homogênea entre os diversos grupos quinquenais. O ritmo de crescimento é maior nas idades mais avançadas. Ou seja, o envelhecimento da população brasileira ocorre, simultaneamente, ao envelhecimento da população idosa. O Brasil terá não só mais pessoas na terceira idade, mas idosos mais idosos (avanço da quarta idade).
Segundo a Divisão de População da ONU, a população brasileira de 60 anos e + era de 14,2 milhões de pessoas em 2000, representando 8,1% da população total, sendo que, em 2050, a população idosa deve chegar a 66,9 milhões, representando 29% do total populacional do país. Enquanto a população brasileira como um todo vai crescer 1,3 vezes (30%), a população de 60 anos e + deve crescer 4,7 vezes. O envelhecimento é, desta forma, um processo inquestionável e irreversível, podendo estar sujeito a pequenas mudanças de ritmo em função das taxas de fecundidade e da migração internacional.
Mas se a estrutura etária brasileira vai envelhecer, indubitavelmente, haverá também um envelhecimento dentro do grupo de idosos, pois quanto mais avançado na idade for o grupo quinquenal, maior será o ritmo de crescimento do mesmo, conforme mostra o gráfico. Os novos idosos (60-80 anos) vão crescer em termos absolutos, mas vão diminuir em termos relativos.
O grupo etário de 60-64 anos vai passar de 4,6 milhões para 14,9 milhões de pessoas, um aumento de 3,2 vezes entre 2000 e 2050. Já o grupo 65-69 anos vai passar de 3,4 milhões para 14,6 milhões, um aumento de 4,2 vezes no mesmo período. Na primeira metade do século XXI, o grupo etário 70-74 anos vai ser multiplicado por 4,5 vezes; o grupo etário 75-80 anos crescerá 5,5 vezes e o grupo seguinte 7,2 vezes. O grupo etário 85-90 anos vai passar de 500 mil pessoas para 4,9 milhões, acréscimo de 9,8 vezes. Os dois grupos seguintes vão ter seus tamanhos aumentados em 13 e 19 vezes, respectivamente. O grupo dos centenários vai passar de 12 mil pessoas em 2000 para 320 mil pessoas em 2050, uma pulo de 27 vezes. Portanto, os idosos acima de 80 anos vão passar de 1% da população total em 2000, para cerca de 7% em 2050.
Os idosos com mais de 80 anos atualmente são aqueles que nasceram antes de 1935, época em que as taxas de fecundidade estavam altas, as famílias eram grandes e havia pouca mobilidade espacial dos filhos. Em geral, podem contar com o suporte familiar.
Mas a maioria dos idosos da segunda metade do século XXI será formada por aquelas pessoas nascidas depois de 1980, quando as taxas de fecundidade já estavam reduzidas, assim como o tamanho das familias e o aumento da proporção de domicílios com “ninho vazio”. O suporte familiar vai ficar restrito.
Portanto, o cuidado com os idosos (80 anos e +) deverá ser pensado para além do apoio familiar. Será economicamente e socialmente inviável manter todos os idosos na sua moradia particular, tal como prega a ideologia individualista. A sociedade vai precisar encontrar alternativas criativas. Soluções coletivas, como condomínios geriátricos e moradias solidárias, devem ganhar destaque, assim como a cooperação geracional entre os próprios idosos.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 08/01/2016

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