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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Japão se une ao clube das taxas negativas

por Marco Antonio Moreno
Em um movimento que confirma o abrandamento econômico e as pressões deflacionárias, o Banco do Japão ontem cortou sua taxa básica de juros para -0,1 por cento. Esta é a primeira vez que o Banco do Japão leva sua taxa de juros a uma território negativo e constitui uma bomba nuclear na guerra cambial que começou em 2010. É também uma resposta à deflação prolongada, que mergulhou o Japão em estagnação, apesar dos fortes planos de flexibilização quantitativa. Novamente as políticas monetárias fracassaram e o que resta são as medidas de emergência para punir os depósitos que as pessoas gastem quanto antes e assim se estimule a inflação.
A medida do Banco do Japão foi uma surpresa e teve resposta imediata nos mercados de ações que experimentam um dia inebriante. O Dow Jones subiu 400 pontos e o espanhol Ibex 35 subiu 2,62 embora cento não tenha atingindo os 9000 pontos que perdeu em 8 de janeiro. A economia volta, assim, mais uma vez a estar em ponto morto e a debilidade do crescimento nos EUA no quarto trimestre é uma antecipação de que o Federal Reserve não irá elevar as taxas de juros em março. Por outro lado, se a desaceleração e de desemprego começa a bater mais forte nos Estados Unidos, Janet Yellen, irá inverter o falso giro  na política monetária realizada em dezembro. 
A ação inesperada do Banco do Japão representa um último recurso e destaca a fraqueza global da inflação que pode desencadear conflitos novos e sangrentos na guerra cambial. A desaceleração da China e a queda dos preços do petróleo têm feito nada além de ampliar a turbulência global, esgotando as ferramentas dos bancos centrais, uma vez que as taxas de juros na maioria dos países estão perto de zero.
As magras perspectivas de crescimento econômico e fracos preços do petróleo tornam quase impossível a viabilidade de qualquer novo projeto de investimento. Além disso, a persistência de deflação, uma queda generalizada dos preços em uma ampla gama de produtos, torna-se um problema importante. No ambiente deflacionário, onde os preços e os investimentos estão para baixo, reembolsar um empréstimo mesmo com taxas de juros próximas a zero torna-se muito arriscado.
O movimento pelo Banco do Japão significa uma punição de 0,1% para as instituições que querem manter suas reservas em excesso no banco central. Deve ser pago ao banco central pelo privilégio de armazenar seu dinheiro. A teoria por atrás deste buscar aumentar os gastos e, assim, dar um impulso à economia. No entanto o que está mostrando a história recente é que as taxas de juro baixas apenas estimulam mercados de ações por meio da especulação financeira.


Com esta ação, o Banco do Japão se junta a outros três países: Suécia, Suíça e Dinamarca, e ao Banco Central Europeu, que já têm taxas de juros negativas. Os depósitos no Banco Central Europeu tem uma taxa negativa de -0,3 por cento, os da Dinamarca -0,65%; os da Suíça -0,75% e os da Suécia -1,1%.

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