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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Uma ponte para o escuro

Felipe II, Rei de Espanha, ficou conhecido por aqui como Felipe, o usurpador. Isso decorreu do fato de, no período de 1580 a 1640, o Brasil, na condição de colônia portuguesa, ter vivido sob o controle da realeza espanhola. Embora Felipe II tenha sido um destacado monarca espanhol, seu reinado para o Brasil não foi dos mais memoráveis, tendo sido um período de diversas invasões por parte de holandeses e franceses, adversários históricos dos espanhóis, infligindo pesadas perdas aos brasileiros.

Michel Temer não tem exatamente a estatura de um Felipe II, mas pode ser inserido neste exclusivo clube de usurpadores. E, a julgar pelo que consta no documento “Uma Ponte para o Futuro” formulado pelo PMDB para enfrentar a crise no Brasil e pelas declarações públicas de alguns de seus apoiadores, os próximos anos dos brasileiros também não prometem ser nada alentadores.

A rigor, a denominação mais apropriada ao documento-base de Temer seria “Uma ponte para o escuro”, pois alinha diretrizes genéricas, nebulosas e imprecisas a outras sinistras para a base da pirâmide social brasileira, como a Reforma da Previdência Social, o fim da Política de Valorização do Salário Mínimo, o fim do Abono Salarial, a prevalência do negociado sobre a legislado nas negociações trabalhistas, fragilizando os direitos dos trabalhadores consagrados em lei, para não falar da intenção de se privatizar o Pré-Sal e de voltar a gerar superávits primários visando dar maiores garantias ao capital financeiro. Nem uma única linha sobre a preservação dos direitos e programas sociais.

Em tempo, o PMDB, a oposição e os partidos do Centrão (PP-PSD-PR-PTB-PRB) acusaram fortemente a Presidente Dilma de lotear cargos e ministérios. Mas o que eles estão fazendo? A diferença é que retiraram três partidos da Esplanada (PT-PCdoB-PDT) para trazerem outros seis (PSDB-DEM-PPS-SD-PSB-PSC).

 Publicado originalmente no Jornal de Brasília.
Escrito por Júlio Miragaya (*)

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