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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Este é o soco econômico brutal que está levando o Brasil

Julio Fernandez - El Blog Salmón

Neste novo artigo vou analisar a evolução econômica que tem tido nos últimos anos uma das maiores economias emergentes no mundo. O Brasil é a oitava maior economia no mundo em termos de PIB, o país beneficiou-se com o elevado aumento nos preços das commodities ao longo dos anos 2000, como um dos principais exportadores, e começou a entrar em recessão a partir de 2014, atingindo um declínio de 3,8% do PIB em 2015 implicando a maior recessão econômica vivida pelo Brasil no último quarto de século.
Analisaremos todas as causas internas e externas que levaram o Brasil a esta depressão econômica, bem como outras questões relacionadas, taiscomo todos os casos de corrupção dos governos de Dilma Rousseff e Lula Da Silva, através da manipulação das contas estatais, ou da empresa petrolífera semi-pública Petrobras. De fato, o índice de percepção da corrupção desenvolvido pela Organização Internacional para a transparência, tem degradado o Brasil à posição 76 dos países menos corruptos no mundo (de 167 países analisados).
O auge econômico do Brasil no início do século XXI
Brasil Corcobado
Uma das chaves que devemos considerar para compreender o declínio econômico no Brasil, é entender o crescendo adquirido nos primeiros anos do século, bem como compreender as causas e os fatores que levaram a este crescimento.
O crescimento econômico no Brasil de 1998 a 2002, não foi muito alto em torno de 1,7% do PIB, mas este crescimento aumentou entre 2003-2009 cerca de 4,1% do PIB, em média. As razões eram as políticas de então - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que gerou uma maior estabilidade econômica, pelo aumento das despesas públicas, que reduziu a taxa de desemprego de 10,5% para 5,7% em 2010. Aspectos deste aumento de gasto público veio dada pela assistência social com o Bolsa família, onde o estado distribui mensalmente para ajudar famílias US$ 80, permitindo retirar 29 milhões de pessoas da pobreza, e consolidar uma classe média, representando 51% da população total. Por outro lado, ele quadruplicou gastos com educação permitindo a criação de 14 novas universidades, bem como o acesso à universidade de cerca de 1.300.000 pessoas. Por não falar, a preparação de uma Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
A tudo isto deve ser adicionado um aumento da linha de crédito de aquisição pelas famílias que aumentou o consumo e os investimentos no país. O financiamento através de taxas de juros que não eram realmente baixas, mas historicamente as mais baixas. Basta uma análise rápida da taxa de juros aplicada pelo Banco Central do Brasil ao longo dos últimos 20 anos, vemos que as taxas de juros têm flutuado de uma alta de 45% em março de 1999 e uma baixa de 7,25 % em janeiro de 2013, com a atual taxa de juros de 14,25%. (Veja tabela abaixo)
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De qualquer forma, a tendência descendente é evidente neste período, permitindo uma captação relativamente menor. Como visto em outras economias e países, o barateamento do crédito e maior facilidade de empréstimo gera um grande impacto em toda a economia, especialmente no setor imobiliário. Por exemplo, os preços da habitação quase quadruplicou em São Paulo 2008-2015, em termos reais, incentivado pelas taxas de juro historicamente baixasno Brasil.
O CRESCIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI VEIO DE UM AUMENTO DA DESPESA PÚBLICA, POLÍTICAS ESTATAIS DE REDISTRIBUIÇÃO DE RENDA, AUMENTO DO CONSUMO E DO INVESTIMENTO ATRAVÉS DE EMPRÉSTIMOS, BEM COMO O SEU CRESCENTE COMÉRCIO EXTERIOR DE MATÉRIAS-PRIMAS E OS ALTOS PREÇOS DO PETRÓLEO NOS MERCADOS
Finalmente, um outro motor do crescimento econômico brasileiro tem sido o aumento do valor das matérias-primas na primeira década do século. O Brasil é um dos principais exportadores de metais industriais, petróleo e soja, entre outros.
Em relação ao mercado externo brasileiro, de inícios do século se deve considerar dois parâmetros importantes. Os altos preços do petróleo em torno de US$ 120/barril, antes do início da técnica de fracking e sua consequente queda de preço nos mercados.
Por o outro lado a expansão econômica da China, antes de mudar seu modelo econômico, sendo este o principal cliente dos brasileiros. Tudo este fértil comércio externo brasileiro, permitiu um grande volume de entrada de moeda estrangeira, apreciando o real. Sabe-se que o real apreciado em 108% em relação ao dólar 2003-2012, devido à sua expansão no mercado internacional e as exportações de matérias-primas, o crescimento econômico doméstico que ocorreu quase até 2014 atingiu o maior aumento de 7,5% do PIB em 2010, o que permitiu uma atração de capitais para o Brasil, especialmente porque os outros blocos econômicos estavam em recessão econômica, a subida gradual das taxas de juros para compensar os elevados níveis de inflação que estava causando todo esse crescimento do mercado interno, atraiu poupadores e investidores de todo o mundo, e as boas classificações fornecidas pelas agências de rating até 2014 como mais um endosso para capitalização de entrada.
Por outro lado, o Brasil tem uma carga tributária em torno da média dos países da OCDE, em torno de 35% do PIB. Na época, em que os preços do petróleo eram cerca de US$ 110-120/barril, o impacto sobre a arrecadação de impostos foi espaçoso, com um volume de receitas fiscais que permitiu financiamento das despesas públicas, de modo que gerou superávit primário (diferença entre a receita pública e despesa pública, excluindo os custos financeiros da dívida), ou seja, os déficits finais obtidos, devido às elevadas despesas com juros para financiar a sua dívida. (Veja detalhes abaixo).
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O gráfico abaixo mostra a repartição entre o superávit primário eo déficit fiscal, devido a despesas com juros da dívida desde 2007.
O declínio econômico no Brasil
É importante em qualquer análise econômica, saber de onde vem, para entender onde se chegou, e até mesmo estimar até onde se pode ir. Na seção anterior, expliquei muito genericamente quais foram os parâmetros que geraram todo o crescimento econômico. No entanto, nesta seção vou explicar os fatores a considerar que gerou o desastre, e por sua queda de 3,8% do PIB em 2015, e outro 3,8% estimados para 2016. Vamos definir dois tipos de fatores, os endógenos e, portanto, dependentes da política monetária e fiscal no Brasil e exógena, dependente das políticas de outros países, mas que têm impactado diretamente sobre a economia brasileira.
Fatores endógenos:
  • Estimulação do consumo e do investimento interno, através de políticas de gastos públicos e empréstimos. Em princípio, isso pode parecer uma boa ideia para aumentar os gastos do governo para estimular o consumo privado e o investimento público, ou facilitar o crédito que incentivo a demanda agregada de uma economia e investimento privado. Essas são medidas econômicas expansivas, mas a verdade é, tudo devido a um equilíbrio, e esse equilíbrio é medido pela inflação dos preços, o que tem aumentado desde 2014 (é atualmente de cerca de 10%), desencorajando os salários reais brasileiros e seu poder de compra gradualmente, o que retrai o consumo de bens e serviços. Por o outro lado, o aumento da inflação vai disfarçado com uma subida progressiva nas taxas de juros, o que implica um encargo financeiro maior da sociedade endivida - reduzindo assim o rendimento disponível e a propensão marginal a consumir.
  • Por outro lado, o investimento privado está danificado, já que por um lado essa queda do consumo, diminui as expectativas de investimento, o aumento das taxas de juros, encarece o financiamento e, por último os aumentos inflacionários, descapitalizam em termos reais, as famílias e empresas.
  • A redução do consumo e do investimento, aumentou a taxa de desemprego, em torno de 8,2% em fevereiro de 2016, que impacta por sua vez negativamente sobre o déficit, uma vez que aumenta os gastos públicos com maiores benefícios de desemprego (estabilizadores automáticos do déficit), e uma perda proporcional das receitas públicas por impostos, retenções fiscais e custos sociais de tais postos de trabalho que não existem mais.
Estes vêm a ser os parâmetros econômicos que tornam a recessão econômica doméstica no Brasil e que provocam um dos cenários econômicos mais temidos por políticos e economistas, a estagflação. Este termo vem do termo Inglês ¨stagflation¨, e ocorre quando numa economia se dá a inflação dos preços e desemprego ao mesmo tempo. Para demonstrar fisicamente o que estou explicando, olhe para estes dois gráficos abaixo. Eles referem-se à evolução da inflação e desemprego no Brasil nos últimos anos.
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Os dados mostram uma clara tendência ascendente macroeconômica, tanto a partir de 2015 até hoje.
Finalmente, o único elemento do PIB brasileiro que permanece em ascensão são os gastos do governo, cerca de 10,30% em 2015, o maior dos últimos 15 anos (ver tabela na seção anterior deste artigo), o que implica um aumento da dívida externa, e isso, juntamente com a queda do PIB em 2015 de 3,8%, provocou o rácio da dívida em relação ao PIB para 70% em 2016, o mais alto da América do Sul, acima da proporção de Venezuela (53%) e Equador (37%). Uma das razões para este aumento da despesa pública é devido, entre outras coisas, o investimento necessário para os Jogos Rio 2016.
Por outro lado, a única vantagem por parte do governo brasileiro que pode obter de uma alta inflação, é que a inflação reduz a dívida em termos reais, mas da mesma forma que reduz os salários reais, benefícios reais das empresas, ou poupanças das famílias e das empresas.
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Fatores exógenos:
Como mencionado anteriormente, esses fatores são aqueles que dependem de fatores independentes do governo brasileiro, mas que têm impacto sobre a economia brasileira.
  • A queda dos preços do petróleo nos mercados: Um dos produtos que o Brasil mais exporta é o petróleo, e como sabemos seu preço despencou nos mercados nos últimos meses. Um preço que passou de 110$-120$/bbl para US$47/barril hoje, atingindo mínimos em torno de US$30/ barril. Obviamente este acidente tem o seu impacto negativo sobre a economia do Brasil, um grande exportador. O início da mudança veio quando começou a emergir nos EUA as exportações de petróleo por fraturamento hidráulico (fracking)com custos de produção por barril de 60$ a $80, a estratégia seguida pela OPEP, especialmente a Arábia Saudita não era para reduzir o volume de produção para baixar o preço. A Arábia Saudita tem um custo de produção por barril de cerca de US$20, portanto, ela tem espaço o suficiente para baixar o preço sem incorrer em perdas e, assim, fazer com que as suas exportações se mantenham competitivas com o fraking americano. Isso, combinado com a eliminação do embargo sobre o Irã, o que trouxe um aumento da oferta mundial de petróleo, levou a uma descida dos preços do petróleo em todo o mundo. Por outro lado, o abrandamento econômico global, especialmente na China tem reduzido a demanda mundial de petróleo e, finalmente, o aumento de peso que estão tomando energias renováveis como um substituto para o petróleo. Estas energias renováveis ​​estão a aumentar a sua capacidade de energia, com custos de produção mais baixos devido aos avanços tecnológicos, e essa tendência continua. A energia solar tem reduzido seus custos em 80% desde 2008, e aumentou a sua capacidade de energia em 85% em todo o mundo. É sem dúvidas um período de transição energética, tal como aconteceu em meados do século passado do carvão como uma fonte de energia primária ao petróleo. Agora, a transição está direcionada para as energias renováveis. Simplesmente, o petróleo está fechando um ciclo.
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  • A mudança do modelo econômico chinês. Este tem sido outro dos principais impactos negativos sobre a economia brasileira, quando a China decidiu mudar seu modelo econômico, inicialmente baseado no setor industrial, e focado em exportações, para um modelo com mais peso no setor dos serviços e uma abordagem baseada na economia doméstica, em vez de exportações. Para este fim, a China desvalorizou sua moeda até três vezes consecutivas, em agosto de 2015, para prosseguir com essas mudanças. Isso produziu um impacto altamente negativo sobre toda economia emergente, que baseou grande parte do seu crescimento econômico das exportações para a China, seu principal cliente. Obviamente, o Brasil não poderia ficar atrás, encareceram suas exportações de um dia para o outro, daí se deve, em grande parte, a sua queda de 3,8% do PIB em 2015.
  • Finalmente, mencionar que os três agencia de 'rating 'mais poderosas e influentes do mundo, Moodys, Standard & Poors e Fitch tem desvalorizado o rating do Brasil de grau de investimento para grau especulativo de 2014 a hoje, o que empurrou com que uma considerável saída de capitais do país.

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