É preciso ser posconceituoso em música - Blog A CRÍTICA

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sábado, 30 de julho de 2016

É preciso ser posconceituoso em música


Antes de mais nada, muitos sabem que programas com concursos musicais, depois dos festivais da antiga TV Record na década de 1960 raramente "revelam" algum grande músico no Brasil, muitas vezes até o perdedor em uma final aparece bem mais do que o campão; um dos programas de calouros mais "tradicionais" da TV brasileira, o Raul Gil, é um modelo de concurso de "calouros" só para consumo interno; mesmo assim apareceu uma Joia, uma criança, Analu, que, aliás, se apresenta no programa sem participar de concursos, uma criança e já resistente, não segue modismos, sempre firme na MPB, ao contrário das demais "atrações" mirins, crianças praticando estereótipos sensualizantes do lixo musical comumente reproduzido, talvez até caso de intervenção do Ministério Público e do Judiciário; tomara que Analu continue com essa resistência e será uma grande artista.
Nas últimas décadas tornou-se firme a sanha do respeito ao "gosto" em matéria musical não pode haver crítica, logo a música, que sempre fora um atributo externo ao indivíduo, se tornara mais um do que se chama "opção particular"; isso fez com quê se tivesse de aceitar como música até Aviões do Forró aqui no Nordeste ou o Funk carioca, sob a mácula de se tornar um "preconceituoso musical" e, mais ainda, o "sucesso", por si mesmo é autossuficiente para julgar a qualidade do artista.

Evidente, que qualquer mudança musical, normalmente ocorrida entre o passar de gerações quase sempre foi visto pela geração anterior de forma, podemos dizer, preconceituosa, principalmente no sentido moral, as gerações mais novas sempre são consideradas mais libertinas ou de costumes moralmente depravados, portanto, a novidade em música padeceu quase sempre de resistência. Assim fora na passagem da velha para a nova guarda, com o samba, com o rock dos anos 1980, etc. A música da geração anterior, também sofria a pecha de ser considerada coisa de velha.


A forma de avaliar a música somente se torna científica na hora em que se avalia-a dentro do conceito maior de arte. Para a música ser arte, e ela sempre fora humanamente decisiva, por englobar caracteres "ideológicos" do homem: seu misticismo, seu deparar-se no mundo, a sublimação, a exaltação do belo, o relaxamento espiritual, etc. Mudar isso se torna perigoso, há-se que ter cuidado com o que se considera música; Nietszche alertava que "sem música a vida seria um erro". Erro pior pode ser considerar música o que não é, a música é poderosa demais naquilo que dar sustentação à vida do homem na terra, não bem utilizada pode favorecer os mais pérfidos dos instintos.

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