Estadismo de cabaré: A saga temerista para se manter no poder - Blog A CRÍTICA

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domingo, 10 de julho de 2016

Estadismo de cabaré: A saga temerista para se manter no poder



Se depois da tempestade vem a bonança, no caso do momento político brasileiro, depois da tempestade vem os deslizamentos de terra, assim como ocorre nas favelas das mal planejadas cidades deste país. Depois de suceder Dilma Rousseff em meio a um racha político vivido pelos dois principais partidos da chapa eleita em 2014, PT e PMDB, o vice-presidente Michel Temer conduz à esplanada a oposição tetando acumular como capital político o ódio demonstrado nas ruas ao PT de Dilma e Lula.

No entanto as tentativas não tem sido bem-sucedidas; a impopularidade do cacique pmdbista é similar á vivida pela antecessora, ainda no meio do processo de impeachment; Temer que tomara posse como presidente provisório prometendo governo de salvação nacional, portanto, com medidas de aprofundamento do ajuste fiscal iniciado por Dilma não passara nem perto de formar um governo distante da barganha partidária.

Percebendo que os apoiadores do impeachment não eram suficientes para acumular uma popularidade e ciente de que parte considerável da impopularidade petista partia de um eleitorado apoiador de políticas sociais Temer tenta agradar a ex-eleitores dos governos petistas" e anti-petistas ideológicos.

A presença  de Temer no Planalto é ambígua; insiste no discurso de salvação nacional mas sempre toma medidas de impacto eleitoreiro e de compra de apoios parlamentares. A tentativa de passar a imagem de estadista despreocupado do poder, com a missão de apenas "colocar o Brasil nos trilhos" é contrastada com a face de um chefe politiqueiro de uma frente que dominou o PMDB tornando-o famoso por ser o partido que topa tudo por cargos e poder.

Tudo que não podia acontecer depois de uma saída de Dilma seria uma ascensão de Temer; não passa a imagem de um "pacificador" da nação e, sim a de um sutil abafador. O momento nega virtudes, é o pior do PMDB ou o pior do PT; a nação sente-se bem apenas com o deflagrar de operações e prisões de políticos. Dilma e Temer formaram, talvez, a pior chapa eleitoralmente da história do presidencialismo com voto direto no Brasil, nenhum dos dois teria chances sem influências alheias: Dilma não chegaria ao poder sem as bençãos de Lula e Temer entrara na vice-presidência apenas pelo papel de chefe do centrão da Câmara, o câncer maior da república.

As notícias positivas na economia não passam daquilo que já era sugestionado por economistas desde o início do ano, alívio na inflação e possibilidades de crescimento no último trimestre deste ano; as medidas da equipe do ministro Henrique Meirelles são as mesmas de Joaquim Levy que apenas terão impacto eleitoral diminuindo o desemprego e a inflação.

A crise em si, apesar da parte trágica com desemprego e inflação afetando a alimentação de um país ainda temeroso da fome, é didática, estadista, deixa visível ao Brasil o que ele é; a farsa dos planos e programas, o conluio público-privado para saquear as receitas da sociedade; o desprezo pelos legislativos e como estes atuam de maneira criminosa barganhando; enfim, o preço da crise é entender o Brasil, não procurar receitas fáceis concentradas em um nome e se direcionar para uma mudança de postura no sujeito cidadão.

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