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sábado, 1 de outubro de 2016

Por que O índice de preço dos alimentos da FAO caiu?

Artigo De José Eustáquio Diniz Alves

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O índice de preço dos alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO (Food and Agriculture Organization) atingiu um máximo da série, no valor de 240,1 pontos, em fevereiro de 2011 e caiu para algo em torno de 149 pontos em janeiro e fevereiro de 2016 (considerando 100 = a média de 2002-2004). Agora em agosto de 2016 o índice subiu um pouco e chegou a 165,6 pontos em agosto de 2016. Mesmo assim, muito abaixo da média do ano de 2011.
Qual é o principal fator de flutuação do preço dos alimentos?
Não há dúvida de que o preço da comida varia com o aumento do preço da energia. Existe uma alta correlação entre o preço do petróleo e o preço dos alimentos. Quando o preço da energia sobe, em geral, aumenta também o preço dos alimentos e, quando cai, puxa o preço dos alimentos para baixo.
Ao longo do século XX o preço dos combustíveis fósseis caiu e rebaixou o preço médio da comida. Houve alguns momentos de inflação da energia e dos alimentos, como na década de 1970 (devido a guerra do Yom Kippur) e início dos anos de 1980 devido à guerra Irã-Iraque. Mas no final da década de 1990 os preços das commodities fósseis estavam em seus níveis mais baixos do século, assim como o índice de preços da FAO. Por exemplo, em janeiro de 2002, o preço nominal do barril do petróleo estava em US$ 19,6 e o índice de preços da FAO estava em 90 pontos.
Tudo mudou nos anos seguintes. Os preços do petróleo subiram e puxaram para cima o preço dos alimentos. O ano de 2008 foi de aumento generalizado dos combustíveis fósseis e da comida. A crise econômica de 2009 jogou os preços para baixo. A retomada de 2010 e 2011 voltou a jogar os preços para cima. O índice da FAO variou entre 240 pontos em fevereiro de 2011 e 217 pontos em abril de 2013. Mas desde de então o preço dos alimentos caiu acompanhando a queda do preço do petróleo.
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Um relatório do NECSI (New England Complex Systems Institute) publicado em 2011, mostra que há uma correlação importante entre o aumento do preço dos alimentos, calculados pela FAO (agência da ONU para a agricultura) e a ocorrência de protestos em todo o mundo. Sempre que o índice da FAO sobe, ocorrem mais manifestações.
Agora em 2016, o preço do petróleo subiu entre janeiro e agosto de 2016, puxando o preço dos alimentos para cima. Mas, no geral, o preço dos combustíveis fósseis e dos alimentos encontram-se em patamares baixos.
Contudo, esta trégua não deve durar para sempre. O mais provável é que o preço do petróleo e dos alimentos volte a subir. E como mostra o relatório do NECSI, preços altos de energia e de comida levam à ocorrência de manifestações populares e períodos revolucionários.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 30/09/2016

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