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terça-feira, 11 de abril de 2017

A lenta e difícil retomada da economia

O presidente do Corecon-CE, Lauro Chaves Neto, analisa os fatores relacionados à retomada do crescimento.


A Economia é movida pelas expectativas das famílias e dos empresários; depende, portanto, da confiança de investidores e consumidores. No nosso caso específico, muitos acreditavam que, após o impeachment, o Brasil voltasse a crescer, o que se viu, no entanto, foi que essa confiança não se traduziu de imediato em mais investimento ou consumo.
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A retomada, projetada para 2017, não vai além de um crescimento no PIB de 0,5%, insuficiente diante da maior recessão da história, com retração de 3,6% em 2016 e 3,8% em 2015. Essa sequência, de dois anos seguidos de baixa, só havia acontecido, no Brasil, nos anos de 1930 e 1931, com recuos de 2,1% e 3,3%. O índice de atividade do Banco Central recuou 0,26% nesse início de ano, o varejo caiu 0,7%, os serviços 2,2% e o desemprego atingiu, em fevereiro, catastróficos 13,5 milhões de brasileiros.

Imagina-se que, com a aprovação das reformas previdenciária e trabalhista, haja um crescimento superior a 2% em 2018. Mesmo essa retomada lenta não se concretizará sem medidas complementares à Política Econômica, sem falar que complicações no ambiente político ou no cenário externo podem reverter essa expectativa.

Serão imprescindíveis ações que possibilitem uma queda mais rápida na taxa de juros e que acelerem o programa de concessões em infraestrutura, que, até o momento, está limitada ao leilão de quatro aeroportos.

A redução mais rápida dos juros parece estar mais próxima graças à queda da inflação além da expectativa; talvez, neste mês, a redução já seja de 1% frente ao 0,75% de meses anteriores. A questão será em qual velocidade essa redução se refletirá em crédito mais barato.

Quanto às concessões, não se percebe esforço para acelerar os projetos em rodovias, ferrovias, energia e saneamento, entre outros. No momento atual, essas privatizações são essenciais para reativar os investimentos em infraestrutura, reduzidos tanto pelo caos das Finanças Públicas, quanto pelo impacto da Lava Jato nas grandes empreiteiras.

A melhora da confiança sem um conjunto de estímulos à economia real, já redundou no referido fracasso após o impeachment e, se as ações do governo se limitarem às mudanças constitucionais em andamento no congresso, poderemos ter outro insucesso na retomada.


* Lauro Chaves Neto – Presidente do Conselho Regional de Economia, Consultor, Professor da UECE e Doutor em Desenvolvimento Regional.

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