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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Brasil pode ser quinto País que mais gasta em remédios caso não invista em tecnologias

Uma estimativa do governo federal apontou que cerca de R$ 4 bilhões são desperdiçados apenas com a compra de materiais inadequados, por falta de institutos de pesquisa que façam as certificações adequadas e o controle

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem gastos pesados na aquisição de medicamentos e equipamentos. Uma estimativa do governo federal apontou que cerca de R$ 4 bilhões são desperdiçados apenas com a compra de materiais inadequados, por falta de institutos de pesquisa que façam as certificações adequadas e o controle. Nesse ritmo, em dois anos, o Brasil poderá se tornar o quinto País com maior gasto em medicamentos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China, Japão e Alemanha.

O alerta é do coordenador do Instituto de Tecnologia e Informação em Saúde (ITS) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Cimatec), Roberto Badaró. Ele apresentou os dados nesta terça-feira (4), na Câmara dos Deputados, durante a comissão especial que discute o processo de inovação e incorporação tecnológica na área da saúde. O especialista afirma que há uma necessidade emergencial do Brasil produzir tecnologias para desenvolver seus próprios medicamentos, caso contrário, terá ainda mais despesas no setor.

“Nós importamos quase 100% de tudo que consumimos na saúde. De medicamento a equipamentos e insumos. A proposta é fazer tudo isso dentro do País, com nossa tecnologia, para ter competitividade e abaixar os preços”, comentou. “Doenças oncológicas, diabetes e crônicas, de maior ênfase em idosos, tem um custo medicamentoso bilionário”, destacou o coordenador, lembrando que há um aumento do número de idosos no Brasil que acarreta em mais gastos.

A estratégia apresentada por Badaró para estimular a produção tecnológica brasileira em medicamentos inclui: integrar competências científicas na área de bioengenharia e medicina; estabelecer parcerias entre institutos, universidades e centros de pesquisa; e desenvolver serviços tecnológicos estratégicos de controle de materiais biológicos e medicamentos.

Uma das iniciativas para fomentar essa estratégia, segundo Badaró, tem sido implementada pelo ITS em parceria com pesquisadores dos Estados Unidos, na aplicação da nanotecnologia. O objetivo é embarcar proteínas e substâncias específicas que vão atuar diretamente na célula cancerígena, fazendo com que os efeitos adversos dos medicamentos sejam menores. “Esses produtos, em um ou dois anos, já podem ser transferidos. É uma aceleração da transferência de tecnologia para o Brasil”, comentou.

Para a coordenadora da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Rebrats), Luciana Leão, a dependência que o País tem de tecnologias importadas deixa o Brasil com um grave problema de desabastecimento no setor. “Se uma indústria dessas decide parar de fazer o abastecimento que nós compramos, o Brasil entra em uma crise incrível na área de saúde, porque às vezes não tem outro fornecedor. Por isso o incentivo ao Complexo Industrial da Saúde é estratégico, não só para a saúde, como para a economia do País.”

Esforço

O estímulo ao Complexo Industrial da Saúde e aos institutos de pesquisa que desenvolvem as tecnologias nacionais depende, majoritariamente, de investimentos, como pontuou o coordenador do Senai Cimatec. “O grande esforço que o País tem que fazer é investir na incorporação de tecnologia. Mas qual a garantia de financiamento que há hoje para institutos de pesquisa aplicada e transferência de tecnologia?”, questionou Roberto Badaró, em alusão aos cortes sucessivos feitos pelo governo na ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

Segundo o deputado Jorge Solla (PT-BA), responsável pelo requerimento para discutir o tema na comissão especial, um relatório será elaborado pelo colegiado de modo a sinalizar a prioridade orçamentária para o setor. O objetivo é viabilizar alguma parcela dos recursos federais para pesquisas e novas tecnologias do País que atuam na área da saúde.

Agência ABIPTI

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