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domingo, 18 de fevereiro de 2018

Temer (a última cartada?)

Luiz Rodrigues

De há muito se diz que o ano só começa no Brasil depois do Carnaval seria como o ritual nacional para a iniciação real de um ano; em 2018 o ano político sei iniciou com um decreto inédito na vigência da Constituição de 88: a intervenção Federal em um dos estados da Federação. No ano de 1930, primeiro ano a haver Copa do Mundo, outro acontecimento mágico para nós, a busca por uma intervenção federal no estado da Paraíba pelo Coronel José Pereira e as oligarquias da República Velha acabou misturando-se no Golpe liderado por Getúlio Vargas e a posterior instauração do Estado Novo. Ali a urbanização do país acelerar-se-ia definitivamente, o Brasil industrial e urbano nascia de vez. Da urbanização total, sem urbanismo adequado emergiu o caos que levou ao ato jurídico-político inédito no período da carta longa da quinta República.

Imagem relacionadaComo afirmavam a quase totalidade dos analistas nos momentos agonizantes do segundo governo de Dilma Rousseff (PT) a pior das crises era a política foi a falta de popularidade aliada da aversão e pressão incessante dos movimentos de rua que impediram o governo da petista de tomarem as medidas que posteriormente seriam implementadas por seu Vice. Este e sua equipe, certamente, sabem da força da economia em alta nas avaliações de opinião pública; acreditavam que a fácil resolução das questões econômicas qualificaram o mdbista para buscar uma reeleição. Mas Temer não agrada, nem uma frágil retomada dos indicadores numa economia ainda pequena fizeram com que os índices se elevassem a uma condição de entrar na disputa de outubro.

Não foi a economia! O MDB ficou na sua profissional retaguarda, nas festividades de fim de ano, ano novo e carnaval, planejando ações que, que sabe, tivessem efeito muito mais rápido. A cartada final do MDB de Temer foi apostar numa das pautas mais dramáticas da vida nacional aquela que mais temor e angústia levam à população, vitimada por assaltos e pela chacina generalizada no seio dos 200 milhões de habitantes, principalmente um drama envolvendo as camadas mais baixas, um drama favela, favela no sentido que eu considero, devido sua origem etimológica na Guerra de Canudos: favela é brasileiro pobre matando brasileiro pobre sem motivo.

Não há polícia em nenhum estado da Federação que seja capaz de enfrentar os milhares de criminosos que surgem dos becos e morros de forma incessante; milhares de crianças do Brasil sonham em ser assaltantes e traficantes de drogas. Ao invés do sonho dos negócios, da literatura e das ciências, o sonho do crime e da droga. Um poder miserável exercido com fuzil em mão nas nefastas comunidades desurbanizadas do país. Um país com mais de 200 milhões de habitantes e um PIB medíocre de 1.7 trilhões de dólares riqueza concentrada no centro sul do país, ainda mais concentrado em algumas grandes cidades, ainda mais concentradas em alguns bairros.

A cartada final de Temer é típica de ocorrer em um governo medíocre, uma medida arriscada e de grande alcance para tentar elevar a moral no meio da inutilidade administrativa e a velha politiquice pela busca da manutenção pessoal e do grupo no poder. A medida centra-se no Rio, ainda a caixa de ressonância dos problemas nacionais, o drama da criminalidade urbana ali se inicia, Brasília é mais uma câmara de despejo. Do que resultará disso tudo em um ano extremamente importante para o Brasil e de como a institucionalidade da CF/88 se comportará vai ser algo do qual teremos outras respostas no próximo carnaval.

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