O óbvio relinchante II: Bolsonaro e o Charuto - Blog A CRÍTICA

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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

O óbvio relinchante II: Bolsonaro e o Charuto


Charuto era um jumento inteligentíssimo, conseguiu decorar o caminho de ida e volta para o açude; o aprendizado passa por um processo de repetição. Em matéria de candidatos nas eleições brasileiras a fauna é vasta; cada vez mais se faz dificultoso encontrar-se um candidato do mundo real, pragmático, alfabetizado e inteligente; até por que para a política, como lembrava Graciliano Ramos, a preferência é sempre pelos imbecis e gatunos, quem conseguir ser canalha sem receio terá facilidade em conseguir votos. Toda forma a burrice nas campanhas evoluiu, ou involuiu, de forma alvissareira.

Nessa campanha presidencial faz-se admirável a burrice do mais novo ídolo das massas eleitorais patrióticas de geral e de arquibancada; o homem mais adorado pelo eleitorado brasileiro em todos os tempos foi o Lula, se fosse compilar a soma de asneiras e coisas mais do gênero que o Lula falou daria uma enciclopédia, mas o Lula fareja os caminhos da conquista do voto; entre Lula e Bolsonaro a diferença é uma inversão, é que Lula sabe dominar as massas, enquanto que Bolsonaro foi o que deu pra um eleitorado submergente arrumar na liquidação eleitoral. É o seguinte, ascendeu depois de 2013 uma massa de eleitores gigante que se definiu por conceito como contrária à retórica petista e, essa massa precisava de um ídolo, para ser ídolo, ainda mais no confronto com o Lula, foi preciso desenterrar um trambolho acéfalo encafuado no congresso há quase 30 anos para ser  carregado nas costas, feito um jumento que conduz e é conduzido, o tal do Bolsonaro, que pelo que parece, o seu soldo parlamentar não foi usado em matéria de livros. 

Bolsonaro na campanha vestiu-se numa forma de burrice bastante estratégica; não é mais aquele das frases que tanto feriam o politicamente correto dos militantes petistas; ele agora atua por delegação. Na área econômica, 27 anos como deputado, votando o orçamento todo ano, será que lia os relatórios?, nunca aprendeu nada de economia, nem o que seja o tripé macroeconômico, Bolsonaro está no D, os jornalistas perguntam sobre e ele lasca: tem que desburocratizar, desregulamentar, desonerar, talvez caiba desdolarizar, deschinezizar... Parece estratégia de concurseiro, outra desgraça nacional, uma gente que não sai dos limites da decoreba; na hora das considerações finais o insuportável presidente PHD, Patriota, Honesto e que tenha Deus no coração vai repetir as mesmas palavras para uma plateia feita.

O Brasil, felizmente é uma nação predestinada para as comédias, não, como a Argentina, para as tragédias; de forma que mesmo a meia dúzia que coletivos hegemônicos bem organizados nunca conseguiram sobrepor-se aos "costumes", mesmo os piores segundo as ciências sociais, jeitinho e arrumados, etc... Exército, Igreja Católica, Partido Comunista, os três de antes; a igreja teve muita força eleitoral no império, o Exército tomou o poder pra si ou com civil três vezes, mas sempre mesclou, o PC nunca conseguiu apoio popular, o PT, seu substituto, misturou messianismo com doutrina social século XIX e dividiu o cenário eleitoral da 5ª República, mas só conseguiu vencer em alianças com conservadores.

Bolsonaro é originário do jacobinismo militar de Floriano Peixoto e Moreira César, o mesmo de Médici e Costa e Silva, crença na superioridade dos militares sobre os civis, uma grande mentira, já que instituições organizadas sob hierarquias são mais eficientes em roubar, governos pra "colocar ordem", etc... Agora tingiu-se de liberal; um caudilho que já fez isso foi Getúlio Vargas, quando em 1930 candidatou-se a frente da Aliança Liberal e, no poder virou ditador corporativista. Na Venezuela Hugo Chavez prometeu a Terceira Via de Tony Blair e no poder virou cubano. O extremista readptado em novo discurso tanto pode ser uma vantagem, mudou, preferiu optar por uma normalidade segura, ou, apenas mente para ganhar o trono. 

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