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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Carta IEDI analisa a interação entre universidades e empresas



Agência FAPESP - A edição nº 976 da Carta IEDI, elaborada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, analisou a interação entre universidades e empresas no Brasil e em outros países. O documento usou como referência, no caso brasileiro, o artigo Benchmarking university/industry research collaboration in Brazil, escrito pelo diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, e publicado no livro Innovation in Brazil: Advancing development in the 21st century. A obra foi organizada por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, e lançada em 2019.

Na perspectiva global, a Carta IEDI tem como base o relatório University-Industry Collaboration: Evidence and Policy Option, da Organização de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE). Por meio dessa publicação semanal, o IEDI formula recomendações sobre questões estratégicas, como competitividade, educação e política industrial, entre outros.

Na edição que começou a circular em 14 de fevereiro, o instituto reconhece que a falta de “elos fortes” entre universidades e empresas compromete a competitividade brasileira, mas sublinha que, “em muitos casos”, esse cenário tem progredido, alinhando-se às conclusões de Brito Cruz.


O diretor científico da FAPESP fundamenta seus argumentos em quatro indicadores ainda pouco explorados: gastos de empresas em apoio à pesquisa universitária, quantidade e intensidade de artigos científicos publicados em coautoria por cientistas de universidades e de empresas, número de patentes registradas e indicadores relacionados, além do número de empresas criadas por estudantes e professores universitários.

Brito Cruz constata, por exemplo, que a proporção dos recursos de empresas em relação aos investidos pelo governo nos gastos de atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas universidades de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp) é superior à média das instituições de ensino norte-americanas. Constatou ainda que as despesas totais em P&D situam as duas universidades paulistas entre as 25 maiores dos Estados Unidos. Nesse ranking, a posição da Unicamp é muito próxima à da Universidade de Stanford, enquanto a USP alinha-se à Universidade da Califórnia em San Diego e em São Francisco. Brito Cruz acredita que outras instituições orientadas à pesquisa no país, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e as universidades federais de São Carlos (UFSCar), do Rio de Janeiro (UFRJ), de Santa Catarina (UFSC) e de Minas Gerais (UFMG), devam apresentar nível semelhante de interação com a indústria.

Brito Cruz adota o número de artigos em coautoria de pesquisadores de universidades e do setor empresarial como indicador da colaboração entre os dois setores. Em São Paulo, por exemplo, o porcentual de 2,5% de artigos em coautoria foi semelhante ao de 28 países europeus e maior do que o porcentual da Espanha – ainda que muito aquém da França e Alemanha.

Em seu artigo, Brito Cruz apresenta um ranking – reproduzido na Carta IEDI – das 40 empresas com maior número de artigos em coautoria com pesquisadores de universidades. A Petrobras encabeça a lista, com 1.050 artigos, seguida por quatro farmacêuticas: Novartis (174), Pfizer (118), Roche (94) e GSK (94).

O Brasil, no entanto, deveria se inspirar em 21 instrumentos de política usados por países-membros da OCDE, de natureza financeira e regulatória, recomenda a Carta IEDI, referindo-se ao relatório elaborado com base em estudos realizados entre 2017 e 2018.

Entre os instrumentos de política de promoção de transferência de conhecimento listados pela OCDE estão desde subsídios e subvenções à P&D e à inovação até o suporte financeiro para o recrutamento de doutores e pós-doutorandos por empresas, passando pelo acesso aberto a dados de pesquisa.

Para mais informações sobre o artigo de Brito Cruz e sobre o relatório da OCDE acesse iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_976.html.


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