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sábado, 11 de outubro de 2014

Haiti: o déficit ambiental no país mais pobre das Américas

Por José Eustáquio Diniz Alves*

O Haiti é o país mais pobre das Américas e tinha um Índice de Desenvolvimento Humano de somente 0,471, em 2013, ocupando a 168º posição entre 187 países. A população do Haiti era de 3,2 milhões de habitantes em 1950 e passou para 10,3 milhões em 2013. A densidade demográfica era de 116 habitantes por quilômetro quadrado (hab/km²) em 1950 e passou para 380 hab/km² em 2013. Na América Latina a densidade demográfica variou de 8 para 30 hab/km² no mesmo período. A pegada ecologica do Haiti estava em torno de 0,70 hectares globais (gha) na década de 1960 e caiu para algo em torno de 0,60 hectares globais (gha) em 2010, bem abaixo da média mundial (2,7 gha) e quase 20 vezes menor do que a pegada ecológica do Catar (11,7 gha). Mesmo assim o Haiti apresenta déficit ambiental crescente, pois apesar da queda do consumo médio, a biocapacidade per capita diminuiu muito no período, estando em torno de 0,30 gha. Ou seja, mesmo tendo um baixo consumo de bens e serviços o Haiti tem uma pegada ecológica 100% acima da biocapacidade do país. Isto dificulta as tentativas de reduzir a pobreza e preservar o meio ambiente. O Haiti ocupa cerca de um terço do lado ocidental da ilha Hispaniola (primeira terra das Américas visitada por Cristovão Colombo, em 1492), enquanto a Republica Dominicana ocupa o lado oriental da ilha. Cristóvão Colombo encontrou uma maravilhosa floresta na ilha. Nas primeiras décadas do século XX, a floresta tropical do Haiti ainda cobria 60% do território nacional. Nos anos 1950 havia caído para 20% e atualmente restou apenas 2% da cobertura vegetal do país. Segundo estimativas da ONU, cerca de 30 milhões de árvores foram cortadas a cada ano, nas últimas décadas. Como resultado do desaparecimento da vegetação houve redução da fertilidade do solo, aumento da erosão e da desertificação. Assim, as chuvas e os ciclones tropicais (comuns naquela região) aumentam as torrentes de lama, contribuindo para a esterilidade do substrato natural. Na situação atual, o Haiti, por si só, não tem forças para superar suas dificuldades. Por isto tem crescido a emigração de haitianos. Para mudar o quadro, a comunidade internacional precisa ajudar o país a achar o caminho para a sustentabilidade econômica, social, demográfica e ambiental.

*Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail:  jed_alves@yahoo.com.br 

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