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quinta-feira, 7 de maio de 2015

A pirâmide populacional brasileira por ‘classe’ social

Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

estrutura etária

Todo país que passa pela transição demográfica experimenta uma mudança da estrutura etária. Num primeiro momento a redução das taxas de mortalidade infantil aumenta a base da pirâmide de idade e sexo (homens no lado esquerdo e mulheres no lado direito). Nos momentos seguintes, a queda da taxa de fecundidade reduz a base da pirâmide e aumenta a parte central, onde estão as pessoas em idade de trabalhar. No longo prazo, a conjugação da queda da fecundidade com o aumento da esperança de vida faz crescer a população idosa, localizada no topo da pirâmide.
O Brasil vem passando por uma transição da estrutura etária. Mas esta transição não ocorre de maneira uniforme entre as “classes” sociais. Considerando os diferentes níveis de renda, as mudanças na pirâmide populacional ocorrem de maneira diacrônica.
Como a transição da fecundidade foi liderada pelas camadas de mais alta renda e maiores níveis educacionais, a pirâmide da “classe” de maior posição de renda começou a mudar há mais de 50 anos. As classes médias seguiram o mesmo caminho com um certo lapso de tempo.
As “classes sociais” mais pobres, abarcando a população coberta pelo Programa Bolsa Família, iniciaram o processo de declínio da fecundidade com um certo atraso e só apresentaram uma redução da natalidade na primeira década do século XXI. Ou seja, na última década, diminuiu o número absoluto de nascimentos de crianças morando em domicílios com renda per capita menor de R$ 70,00 (valor de 2010).
A redução da base da pirâmide é um fato positivo, pois com a mesma quantidade de recursos, o Estado brasileiro pode melhorar as condições de saúde e educação das crianças brasileiras. O Brasil tem vivido uma janela de oportunidade demográfica que começou favorecendo as camadas sociais de maior renda e educação. Agora a janela está aberta também para a população mais pobre.
O Brasil não poderia desperdiçar esta situação favorável, pois no futuro vai haver um processo de envelhecimento da população e a razão de dependência demográfica vai voltar a crescer. A crise econômica atual ameaça o bônus demográfico. Assim, o momento para erradicar a pobreza e avançar com os direitos de cidadania é agora. As vindouras gerações ficarão agradecidas se a população brasileira atual souber melhorar as condições atuais e garantir uma vida cada melhor no futuro.


José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Publicado no Portal EcoDebate, 06/05/2015

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