O mito da mãe virgem e Sócrates: cristianismo? - Blog A CRÍTICA

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sexta-feira, 1 de maio de 2015

O mito da mãe virgem e Sócrates: cristianismo?

A antropologia nos revela como as sociedades humanas, por mais que se julguem impecáveis, se baseiam em mitos formadores (finas películas místico-fantásticas) que lhes serve de suporte. Nos mostra também a elevada necessidade do contemplativo e do espiritual para a vida dos sujeitos e das sociedades.


O cristianismo, sob o qual se ergue a cultura ocidental, parece-nos ser a junção da filosofia grega com mitos que a antropologia revela na sociedade tribal (mito da virgem que dá a luz). O evangelho de Barnabé prega que Jesus não tinha a liderança tradicionalmente relatada e que Judas fora o crucificado, este evangelho é tido como de inspiração não divina, o que é praxe em religião: seu texto é escrito pelo próprio Deus e o de outras doutrinas é invenção humana. Mas Judas é o grande paradoxo do Cristianismo, aquele que vendeu a captura de Cristo e que é tido como possuído pelo demônio; na verdade seria, mesmo na versão convencional, o grande fundador, sem ele não haveria a entrega, consequentemente a crucificação e com isso a redenção, ou seja, não existe cristianismo sem judas.

Nenhum historiador da época correspondente relata a vida de Jesus, o que seria difícil mediante o embate com o Império romano; poderia ser um difundidor da obra de Platão, tendo desagradado ao Império. Todo o cristianismo está contido em Platão, ou Sócrates: O ideal de vida justa, recompensa após morte, imortalidade da alma etc. O tempo histórico seria capaz de fundir o mito com a filosofia. Todo símbolo cultural se perde no tempo: não temos a certeza da vida de Homero, de Sócrates ou de Jesus.


O cristianismo poderia ser a junção-negação da filosofia socrática com o mito tribal. Sócrates fora condenado e emblematicamente repelira a opinião das massas, da mesma forma que, segundo a versão "oficial", Cristo fora condenado por dita opinião. Admitir Sócrates como o Cristo seria a negação do sagrado, fundo-lo ao mito seria a forma de dar contornos místicos  à teoria da verdade.




Referências:

Luís da Câmara Cascudo. Civilização e Cultura.
Slavoj Zizek. O Títere e o Enano.
Platão: Fédon, A República, Críton.

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