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quinta-feira, 10 de março de 2016

O PIB brasileiro: anuênio, biênio, triênio, quadriênio, quinquênio, sexênio, septênio, octênio, novênio e decênio

Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

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O IBGE divulgou os dados das Contas Nacionais, dia 03 de março, apontando uma queda do Produto Interno Bruto de 3,8% em 2015, em relação a 2014. A queda do PIB resultou do recuo de 3,3% do valor adicionado a preços básicos e da contração de 7,3% nos impostos sobre produtos. a Agropecuária (1,8%) apresentou expansão de 1,8%, e a Indústria retração de -6,2% e os Serviços -2,7%. Em 2015, o PIB brasileiro totalizou R$ 5,9 trilhões (valores correntes). O PIB per capita ficou em R$ 28.876 em 2015, com queda de 4,6%, em volume, em relação ao ano anterior.

O Brasil, na segunda década do século XXI, está mal na fita do crescimento econômico de longo prazo, qualquer que seja o espaço temporal analisado. O IPEADATA disponibiliza uma série histórica do crescimento do PIB desde 1901. No presente artigo, utilizamos a série do IPEA, atualizada pela nova metodologia de cálculo das Contas Nacionais, divulgada pelo IBGE, em março de 2015. Os novos critérios utilizados elevaram o crescimento do PIB, especialmente entre 2010 e 2014. Mas no conjunto – mesmo com as mudanças metodológicas – a série é bastante ilustrativa do comportamento da economia brasileira no longo prazo. No dia 03 de março o IBGE divulgou os dados de 2015, quando o PIB brasileiro variou para baixo em -3,8%. O FMI projeta queda de 4% em 2016.

Nas contas apresentadas pelo IBGE, o investimento caiu fortemente em 2015 e acumulou retração de 14,1% em um ano. No quarto trimestre, frente ao mesmo período de 2014, a queda foi de 18,5%. Isso tem carregado automaticamente uma recessão para 2016. Houve também queda do emprego e do rendimento dos trabalhadores. Com a queda da massa salarial, os empresários olham o cenário e enxergam oportunidades para expandir suas estruturas de produção. Assim, as perspectivas de recuperação ficam cada vez mais distantes.

O primeiro gráfico (Anuênio) mostra as taxas anuais de crescimento do PIB no Brasil entre 1901 e 2016. Nota-se que somente em 6 anos o Brasil teve queda do produto acima de 3%, sendo duas vezes no governo Dilma. No segundo gráfico, apresentamos as mesmas taxas anuais de variação do PIB, mas também a média móvel de dois anos (Biênio). Somente duas vezes na história o PIB caiu em dois anos consecutivos, em 1930-31 e 2015-16. Mas o biênio atual marca a pior recessão da história brasileira do período. Os demais gráficos mostram os triênios, quadriênios, quinquênios, sexênios, septênios, octênios, novênios e decênios. Qualquer que seja o período analisado, o momento atual está entre o pior ou o segundo pior, como pode ser visto abaixo:

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Os dados acima não deixam dúvidas de que a economia brasileira está entrando em um período de baixo crescimento e que a segunda década do século XXI pode ser pior do que a década perdida dos anos de 1980. Em termos econômicos o Brasil está em retrocesso. Se este quadro não mudar rapidamente a crise vai se espalhar para todas as áreas e o país pode passar por uma situação de implosão social.
Autores como Michael Snyder já falam em colapso da economia brasileira e latinoamericana. O gráfico abaixo mostra que a variação trimestral foi de -5,9% no quarto trimestre de 2015 em relação ao quarto trimestre de 2014. Ou seja, a economia não chegou no fundo do poço. Ao contrário, a recessão está caminhando para uma depressão. É necessário uma grande e urgente mudança de rumo.
Referências:

SNYDER, Michael. The Economic Collapse Of South America Is Well Underway, Blog, 03/03/2016

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 09/03/2016



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