O ciclo de reduções da taxa ficou para trás. Fatores como déficit fiscal, câmbio e inflação devem impactar a decisão.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
São Paulo, junho de 2024 – O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne, na próxima terça-feira, 18 de junho, para decidir sobre a taxa Selic. De acordo com o Paraná Banco Investimentos, a taxa deverá ser mantida em 10,50% até o fim do ano.
Segundo Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, desde a última reunião do COPOM, o cenário interno só piorou. O dólar saiu de R$ 5,05 para R$ 5,40 (+7%), a inflação de abril e maio vieram acima do previsto e o cenário fiscal sofreu deterioração, com expectativas de déficit primário em 2024 e 2025.
“Se havia alguma possibilidade de o Banco Central seguir cortando juros, ela foi anulada com a divulgação do IPCA de maio, que teve uma aceleração, com alta de 0,46%. Até semana passada tínhamos a percepção de que a inflação corrente estava comportada, com serviços e os núcleos desacelerando, porém o resultado de maio foi pior que o esperado, já com reflexos da crise do RS nos preços dos alimentos e com a inflação de serviços crescendo novamente e voltando acima de 5% a.a.” explica Oliveira.
A instituição projeta o IPCA em torno de 4,00% para 2024. Segundo Oliveira, os reflexos da alta recente do câmbio e grande parte do efeito da tragédia do RS ainda devem impactar os preços nos próximos meses, levando o IPCA em direção ao teto da meta do Banco Central.
Em relação ao câmbio, que nos últimos dias ultrapassou os R$ 5,40, Oliveira acredita que o dólar deve terminar o ano de 2024 entre R$ 5,30 e R$ 5,40. “Grande parte deste movimento recente no câmbio é fluxo de investidor estrangeiro tirando seus investimentos do Brasil, tanto pela expectativa de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos, quanto pela deterioração fiscal do Brasil, que traz muita incerteza sobre o futuro do Brasil. Se o Governo não mostrar uma forma de acomodar os gastos públicos, sem gerar déficit primário, o câmbio deve continuar pressionado”, explica Oliveira.
Para os investidores, a renda fixa vem se tornando ainda mais competitiva nas últimas semanas, sendo a melhor opção para quem quer bons retornos e menos risco, porém recomenda-se os papéis pós-fixados neste cenário de incerteza quanto a Selic no longo prazo.
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