A Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou nesta quarta-feira (19) o Yeztugo (lenacapavir), o primeiro medicamento injetável bianual indicado para a prevenção do HIV no país. Desenvolvido pela farmacêutica Gilead Sciences, o tratamento foi projetado para reduzir o risco de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana — causador da Aids — em adultos e adolescentes com pelo menos 35 quilos.
O Yeztugo é um inibidor da cápside do HIV, administrado por injeção subcutânea a cada seis meses. Ele se torna a primeira e única opção profilática de ação prolongada disponível nos Estados Unidos, representando um avanço expressivo em relação aos métodos atuais de prevenção, como a PrEP oral diária.
Em ensaios clínicos conduzidos pela Gilead, 99,9% dos participantes que receberam o medicamento permaneceram seronegativos, o que indica uma eficácia extraordinária na prevenção da infecção.
“O Yeztugo vai ajudar-nos a prevenir o HIV a uma escala nunca antes vista. Temos agora uma forma de acabar com a epidemia do HIV de uma vez por todas”, declarou Daniel O'Day, presidente e CEO da Gilead, em comunicado à imprensa. Ele classificou a aprovação como um "momento decisivo na luta de décadas contra o HIV".
Especialistas em saúde pública celebraram a decisão da FDA, ressaltando os impactos positivos do novo tratamento sobre a adesão e a superação de estigmas. Para o médico Carlos del Rio, co-diretor do Centro Emory para a Investigação da Aids, em Atlanta, a possibilidade de uma única aplicação semestral representa uma revolução no combate ao vírus: “A injeção bianual poderá ultrapassar largamente as barreiras associadas ao estigma e à dificuldade de manter regimes diários de medicação.”
A aprovação do Yeztugo é vista como uma nova etapa no enfrentamento da epidemia do HIV, especialmente em populações mais vulneráveis, com baixa adesão ao tratamento oral ou dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Segundo a Gilead, a previsão é que o medicamento comece a ser comercializado nos Estados Unidos ainda em 2025.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 39 milhões de pessoas viviam com HIV em todo o mundo em 2023. Desse total, aproximadamente 1,3 milhão foram novas infecções. O avanço de terapias preventivas de longa duração é considerado crucial para alcançar as metas globais de erradicação da Aids como problema de saúde pública até 2030.
Informações da Agência Lusa
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