De acordo com o relatório GEM 2024, 39,5% dos brasileiros têm intenção de empreender nos próximos anos. Especialista em contabilidade explica o passo a passo atualizado para abrir um CNPJ em 2025
O empreendedorismo no Brasil está longe de ser um plano B, para muitos ainda é um sonho que precisa sair do papel. Em 2024, os dados do relatório GEM (Global Entrepreneurship Monitor) mostraram que cresceu o número de pessoas dispostas a abrir um negócio, mesmo diante de um mercado macroeconômico.
Mais da metade dos brasileiros (52,6%) conhecem alguém que empreendeu nos últimos dois anos, 49,7% afirmaram ter conhecimento e experiência para iniciar um negócio próprio, e 39,5% têm intenção de empreender nos próximos três anos. O medo de fracassar ainda é um obstáculo, mas caiu de 54,6% para 51,8%, o que reforça uma mudança em que o Brasil demonstra estar mais confiante e preparado para transformar seus sonhos em realidade.
Essa movimentação repercute em uma tendência que não se limita à necessidade financeira, porque muitos empreendem por propósito e desejo de construir algo próprio. Com a digitalização dos processos e a ampliação do acesso à informação, abrir uma empresa no Brasil está cada vez mais descomplicado, do registro na Receita Federal até a obtenção de licenças e inscrições municipais.
Passo a passo para abrir um CNPJ em 2025
1 - Tenha certeza do que quer e confiança para empreender. Antes de abrir um CNPJ, é fundamental ter clareza sobre o principal motivo de empreender. Isso inclui identificar a área de atuação, o público-alvo e o diferencial que você quer alcançar no mercado. Planejamento e autoconfiança são o ponto de partida de qualquer decisão empreendedora.
2 - Defina o tipo de empresa e o regime tributário. O segundo passo é escolher o formato jurídico mais adequado. O MEI (Microempreendedor Individual) é indicado para quem fatura até R$ 81 mil por ano, deseja atuar de forma simples e pode contratar até um funcionário.
Já negócios maiores podem se enquadrar como Microempresa (ME), Empresa de Pequeno Porte (EPP) ou até Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), modalidade que dispensa a necessidade de sócio.
O Simples Nacional continua sendo o mais adotado entre pequenos empreendedores, com teto de faturamento de R$ 4,8 milhões anuais. Ele unifica oito tributos em uma guia única (DAS), reduzindo a burocracia e simplificando o recolhimento de impostos.
Uma boa alternativa para esse processo é investir no apoio de um escritório de contabilidade ou um profissional contábil, que pode indicar o melhor enquadramento tributário da sua empresa.
3- Faça a consulta de viabilidade. Antes de registrar a empresa, é necessário verificar se o nome empresarial está disponível e se a atividade escolhida pode ser exercida no endereço indicado. Essa consulta é feita na Junta Comercial do estado e serve para evitar conflitos de nome e garantir que o negócio esteja de acordo com as normas municipais de zoneamento.
4- Elabore o contrato social ou o Requerimento de Empresário. O contrato social é o documento que formaliza a existência da empresa, definindo a participação dos sócios (quando houver), as responsabilidades e o objeto social. Para quem vai atuar como MEI, essa etapa é automática — todo o processo é feito online pelo Portal do Empreendedor (link).
Já empresas de outros portes precisam redigir o documento, geralmente com auxílio de um contador, e registrá-lo na Junta Comercial.
5 - Realize o registro e solicite o CNPJ na Receita Federal. Com o contrato social aprovado, é hora de protocolar o Documento Básico de Entrada (DBE) no site da Receita Federal. Esse documento oficializa o cadastro da empresa e uma vez deferido, gera o número do CNPJ. Atualmente, todo o processo pode ser feito de forma digital, com emissão rápida e sem necessidade de comparecimento presencial.
6- Obtenha licenças e alvarás necessários. Dependendo da natureza da atividade, a empresa pode precisar de alvará de funcionamento, inscrição estadual (para comércios e indústrias) e inscrição municipal (para prestadores de serviço). O sistema Redesim integra os órgãos federais, estaduais e municipais, permitindo que a maioria dessas licenças seja emitida online, de forma simultânea e simplificada.
7- Cadastre-se nos órgãos obrigatórios e mantenha a regularidade. Após o CNPJ ativo, é hora de providenciar o certificado digital, cadastrar-se no sistema de emissão de notas fiscais eletrônicas e manter uma rotina contábil organizada. Essa etapa é essencial para garantir a conformidade fiscal e evitar problemas com o Fisco. Nesse momento é importante o acompanhamento de um contador ou de um escritório de contabilidade, que ajuda na análise de resultados, na escolha de enquadramentos tributários mais vantajosos e na elaboração de relatórios financeiros. Um contador pode auxiliar nesse processo, orientando sobre prazos, obrigações fiscais e estratégias para manter a saúde financeira da empresa.
“O mercado está mudando com frequência e precisa de novas ideias. Quem quer empreender precisa estar atento às oportunidades e se arriscar com coragem. Abrir um CNPJ é dar forma a um projeto de vida, mas, para que esse sonho se mantenha sustentável, também é essencial ter orientação técnica desde o início”, destaca Gabriel Barros, diretor da SF Barros Contabilidade. “Um escritório contábil auxilia nesses passos mais burocráticos, evitando erros que custam caro. Por isso, investir nesse apoio vale muito a pena”, finaliza.
Formalizar um negócio traz benefícios que são mais do que a emissão das notas fiscais, isso porque um CNPJ ativo permite o acesso a crédito, participação em licitações, contratação de colaboradores e parcerias com outras empresas. A formalização também garante segurança jurídica e credibilidade junto a clientes e fornecedores.
Com o planejamento certo e o apoio de profissionais especializados, transformar o sonho do próprio negócio em realidade é uma questão de organização, confiança e atitude.


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