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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Taxa de sindicalização cresce pela primeira vez desde 2012, impulsionada por setores públicos e industriais

Em 2024, dos 101,3 milhões de ocupados do país, 8,9% (9,1 milhões de pessoas) eram associados a sindicatos, interrompendo a sequência de reduções tanto de contingente (desde 2014) quanto de percentual (desde 2016).

Com taxa de 8,9%, sindicalização interrompe recordes mínimos - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil


A taxa de sindicalização no Brasil registrou, em 2024, seu primeiro crescimento desde o início da série histórica da Pnad Contínua, realizada pelo IBGE. O percentual de trabalhadores associados a sindicatos passou de 8,4% (8,3 milhões de pessoas) em 2023 para 8,9% (9,1 milhões), interrompendo mais de uma década de retração. Ainda assim, o índice permanece 7,2 pontos percentuais abaixo do observado em 2012, quando 16,1% dos ocupados eram sindicalizados.


Entre os setores econômicos, praticamente todos os grupamentos apresentaram alta no ano. Os maiores percentuais foram observados em Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (15,5%) e na Indústria geral (11,4%), ambos com crescimento de 1,1 ponto percentual. A única exceção foi o setor agropecuário — que concentra a segunda maior proporção de sindicalizados (14,8%) — onde houve leve retração de 0,2 p.p. 


O setor de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas também apresentou aumento, chegando a 9,6% de sindicalização. Já o Comércio, responsável por quase um quinto da população ocupada, teve crescimento de 0,5 p.p. e alcançou 5,6%, ainda abaixo da média nacional.


Apesar da recuperação recente, todos os grupamentos registram queda na comparação com 2012. O maior recuo acumulado ocorreu em Transporte, armazenagem e correios, cuja taxa caiu de 20,7% para 8,3% — uma redução de 12,4 p.p. — seguido pela Indústria, que perdeu 9,9 p.p. no período.



Carteira assinada e setor público retomam participação


A pesquisa mostra que os empregados do setor público seguem como o grupo com maior taxa de sindicalização (18,9%), seguidos pelos trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,2%). Já os menores índices permanecem entre os empregados sem carteira (3,8%) e os trabalhadores domésticos (2,6%).


Escolaridade: maior instrução, maior sindicalização


Entre os 9,1 milhões de sindicalizados, 37,5% têm ensino médio completo e 37,2% possuem ensino superior. A maior taxa de sindicalização está entre trabalhadores com superior completo (14,2%). Todos os níveis apresentaram crescimento em relação a 2023, com destaque para os grupos de superior completo e médio completo/superior incompleto.


Ainda assim, é justamente o grupo com ensino superior que acumulou a maior queda desde 2012: retração de 14,1 pontos percentuais.


Sul e Sudeste lideram recuperação


Regionalmente, o aumento nacional foi impulsionado pelos avanços no Sul (9,8%) e, principalmente, no Sudeste (9,2%), que registrou crescimento de 1,3 p.p. A pesquisa destaca ainda que Sul, Norte e Centro-Oeste reduziram suas taxas de sindicalização para menos da metade do que registravam em 2012.


O Nordeste foi a única região onde a sindicalização feminina superou a masculina: 10% entre mulheres, frente a 8,9% entre homens.


Cresce a formalização via CNPJ entre conta-própria e empregadores


Além da sindicalização, a Pnad Contínua analisou a formalização entre empregadores e trabalhadores por conta própria. Em 2024, esse contingente chegou a 29,8 milhões, sendo que 33,6% tinham CNPJ — segundo maior percentual da série.


O registro é muito mais comum entre empregadores (80%) do que entre conta-própria (25,7%). A tendência de formalização, explica Kratochwill, acompanha a dinâmica de um mercado mais digitalizado, que exige nota fiscal, meios eletrônicos de pagamento e acesso a serviços bancários.


A formalização cresce conforme aumenta o nível de instrução: entre conta-própria sem instrução, apenas 11% têm CNPJ; entre aqueles com superior completo, 48,4%.


Setores de Comércio e Serviços concentram maior formalização


Comércio (47,2%) e Serviços (38,2%) têm as maiores taxas de registro no CNPJ entre conta-própria e empregadores. A Indústria aparece em seguida, com 32,4%. Já Agricultura e Construção apresentam os menores percentuais, embora a Construção tenha sido o setor com maior crescimento no último ano, com 70 mil novos registros.


Norte e Nordeste lideram informalidade


Norte (14,8%) e Nordeste (19,2%) registram as menores proporções de trabalhadores com CNPJ, mantendo o padrão histórico de maior informalidade. O Sul lidera com 45,2%, seguido de Centro-Oeste (40,3%) e Sudeste (39,8%).


Cooperativismo segue baixo


A associação a cooperativas permanece reduzida: apenas 4,3% dos conta-própria e empregadores integravam cooperativas em 2024, o menor índice da série. A Região Sul lidera (8,2%), enquanto Sudeste tem o menor percentual (3,1%).


Trabalho em estabelecimento próprio continua crescendo


Por fim, o levantamento mostra que 59,4% dos ocupados trabalhavam em estabelecimento do próprio empreendimento, percentual que cresceu novamente em 2024. O trabalho em domicílio, após atingir recorde em 2022, caiu para 7,9%. Outras formas de local de trabalho — como fazendas, veículos e vias públicas — mantiveram estabilidade relativa.

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