Após depoimento, relator da CPI, Odair Cunha, defendeu quebra do sigilo bancário de Marconi Perillo. Alvaro Dias quer antes ouvir governador
Walter Santiago fala à CPI, observado por Paulo Teixeira e Odair Cunha: “Uma caixinha desse tamanho leva um milhão” |
O empresário goiano Walter Paulo Santiago afirmou ontem na CPI do Cachoeira que pagou R$ 1,4 milhão em dinheiro vivo por uma casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). A informação contraria a versão de Marconi, que declarou ter recebido três cheques, os quais, segundo a Polícia Federal (PF), foram assinados por Leonardo Ramos, sobrinho de Cachoeira.
A contradição levou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), a defender a quebra de sigilo bancário do governador. Ele chegou a levantar a suspeita de que Marconi tenha recebido duas vezes pela casa, o que elevaria o valor do negócio para R$ 2,8 milhões.
Já o presidente interino da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), afirmou que a versão apresentada pelo empresário Walter Santiago “complica mais a vida do governador”. Para Teixeira, as diferentes versões sobre a venda da casa, onde Carlinhos Cachoeira foi preso em fevereiro pela PF, geram “uma nuvem” em torno do negócio.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lembrou que o partido sempre defendeu a vinda do governador para que os fatos fossem esclarecidos. Entretanto, no entender dele, embora alguns tentem transformar a investigação em “CPI do Marconi Perillo”, a compra da casa é apenas um detalhe em uma investigação muito mais ampla.
— [A fala de Walter Santiago] não complica nem descomplica, é uma questão de interpretação de quem ouviu o depoimento. Nós temos que questionar o governador. Depois desse questionamento é que nós saberemos — disse Alvaro, para quem a discussão sobre a quebra de sigilo deve ocorrer somente depois que a CPI ouvir Marconi.
O depoimento do governador está marcado para a próxima terça-feira, às 10h15.Em nota, o governador Marconi reafirmou ter recebido o pagamento pela casa por meio de cheques.
Risos
Ontem, Walter Santiago informou que pagou a casa em notas de R$ 50 e R$ 100, em “pacotinhos”, a partir de “retiradas” que foi fazendo aos poucos da faculdade da qual é dono, a Padrão. Ele arrancou risadas dos parlamentares ao dizer que não tem conta bancária — afirmação que corrigiu depois — e que
R$ 1,4 milhão em espécie é fácil de transportar.
R$ 1,4 milhão em espécie é fácil de transportar.
— É coisica à toa. É coisa simples. Carrega no carro. Uma caixinha desse tamanho leva um milhão.
Deputados e senadores consideraram igualmente intrigante o fato de a compra ter sido feita para a Mestra Administração, empresa da qual Santiago se disse administrador, sem, no entanto, nada receber pela função.
— Minha intenção era só ajudar os seus proprietários, como o senhor Écio Antônio Ribeiro, um competente engenheiro que prestou serviços e muito contribuiu para a Padrão — contou.
Segundo Santiago, o pagamento foi feito na residência dele a Wladimir Garcez, intermediário do negócio, e a Lúcio Fiúza, assessor de Marconi.
O empresário disse que, apesar de efetivada a compra, a casa não lhe foi entregue porque Garcez pediu o imóvel emprestado para uma amiga.
Afirmou ainda que não é sócio de Cachoeira e que manteve contatos sociais com Marconi, de quem fora vizinho. No fim do depoimento, que durou mais de quatro horas, Santiago autorizou a quebra de seus sigilos bancário, telefônico e fiscal. Como conselheiro administrativo da Mestra, autorizou a quebra dos sigilos da empresa.
Jornal do Senado
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