A movimentação foi organizada através das redes sociais . Com faixas, bandeiras pretas e fogos de artifício sonoros e luminosos, os manifestantes bradavam gritos de guerra, apoiando-se contra a decisão da prefeitura. Por mais de duas horas, o trânsito na zona Sul de Natal permaneceu parado, gerando filas gigantescas de congestionamento.
Houve a intervenção da PM na tentativa de retirar os manifestantes da via. Como sempre usando de muita violência e tentando reprimir o direito de manifestação.
Com Tribuna do Norte
Abaixo depoimento de jovem agredido pela PM.
Polícia Militar do RN me machucou e prendeu
NOTA GERADA NO PERFIL DO FACEBOOK DA PRÓPRIA VÍTIMA. SEGUE O SEU RELATO NA INTEGRA:
Estilhaços de uma bomba atingiram o meu rosto, muito próximo do meu olho direito. Tudo isso simplesmente porque estava exercendo a plena cidadania, supostamente garantida a todo brasileiro. E como se tamanha violência não bastasse, também fui preso.
Por volta das 20h desta quarta-feira (29) a Polícia Militar do Rio Grande do Norte iniciou um ataque contra estudantes e vários cidadãos que organizaram ato público contra o aumento da tarifa de ônibus. Na manifestação havia cerca de 1.200 pessoas (número negado pela Polícia Militar, mas que a parca experiência adquirida na cobertura jornalística de atos do tipo me permitiu aferir).
A Polícia Militar do Rio Grande do Norte encurralou os manifestantes na altura do Supermercado Nordestão. A força de segurança então iniciou o ataque com tiros e bombas. A única forma de defesa dos estudantes foram pedras.
Estilhaços da bomba atingiram em cheio o meu rosto, muito próximo do olho direito. Depois de uma dispersão inicial da multidão, decidi procurar os policiais para saber quem estava no comando da operação, pois a minha intenção é realizar denúncia contra o responsável pela lesão corporal sofrida.
Com a truculência policialesca comum, os militares se negaram a dizer quem estava no comando. Inclusive, a maioria deles não estava identificada. Apenas um tal de Denilson, de quem eu não verifiquei a patente. Com o modo pacífico de sempre, exige a informação e não obedeci a “ordem” de me retirar do local.
Prisão
Sem pensar duas vezes, os policiais me prenderam, justificando “desacato à autoridade”. Denilson segurou-me pelo braço e trancou dentro de um camburão. Eu, um estudante, ser pacífico ao extremo, fui trancado no mesmo espaço em que o Estado brasileiro amontoa assassinos, sequestrados e estupradores. Alías, lugar pelo qual a excelentíssima Prefeita Micarla de Sousa e a comandante máxima da Polícia Militar, Rosalba Ciarlini, e tantos outros vermes políticos, deveriam passar.
Fiquei no camburão por volta das 20h20 até as 20h55, quando cheguei à delegacia de Plantão de Candelária. Na delegacia, um policial civil ouviu minha versão e também a de um dos policiais militares. Foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) que resultará em uma audiência no dia 11 de setembro. Por incrível que pareça, depois de quase ter perdido a visão, ainda vou responder em juízo o motivo do tal “desacato”.
Na mesma delegacia, peguei uma guia para fazer exame de corpo de delito. Com o exame em mãos, vou realizar uma denúncia contra o comandante da operação – seja ele quem for – na Corregedoria da Polícia Militar. Também acionarei o Ministério Público, que deverá investigar os excessos da ação da Polícia Militar do RN cometidos contra as pessoas. Vale lembrar também que a Avenida Salgado Filho é jurisdição federal.
Ações policiais como a desta quarta-feira são dignas de países autoritários, onde a democracia ainda não chegou e cidadania é um vocábulo inexistente. Isso mostra também que o Estado de Direito existente no Brasil é só um discurso. É completamente inconcebível que um movimento que fale em nome de 400 mil cidadãos, que usam o transporte público diariamente em Natal, seja reprimido da forma que foi. Acorda Natal, acorda RN!
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