O moral fecha os cominhos da reflexão, da autocrítica e mesmo do conhecimento, a moral tranca as portas da sabedoria. Assim colocamos a bandeira nacional acima do humano só por pensar diferente, tomamos sempre a interpretação favorável a nosso lado e impossibilitamos a nós mesmos dos caminhos da autocrítica. Chamo a tudo de religião, não por religião A ou B, sem ser-me intolerável, mas considerando religião como moral fechada sem nenhuma referência à dada religião no sentido próprio pelo qual conhecemos religião. Posso estar falando do Catolicismo e a inquisição, do nacionalismo e a xenofobia, do etnicismo e o ódio étnico, do comunismo ditatorial e as perseguições a quem lhes discordar. Cada fechamento com seus valores escravizantes...
As propostas de éticas universais, até elas, se fecharam, como o cristianismo primitivo ou mesmo Karl Marx que ganhara um ismo próprio, e o fechamento é o caminho do sentimento de diferença e as agressões, a história da humanidade foi a luta entre éticas fechadas. A Construção de uma ética universal não pode se dar senão pela autoética.
O romance teve um papel de destaque nesse processo até aqui, com o romance entendíamos os personagens, não enforcaríamos Raskolnikov. Operou-se também um processo de higienização dos indivíduos, Michel Foucault traz em alguns estudos a mudança na limpeza das cidades, segundo ele antes disso encontrava-se pessoas "limpando" as galerias de esgoto, a preocupação com os mortos e a proliferação de doenças, surge o hospital como ambiente de tratamento.
E o velho medo da morte própria e o desejo da morte do outro, além do sentimento individual da eternidade, ah, a vida só é vida por que existe a morte, "Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação", os epicuristas não a tratavam como preocupação, enquanto existo ela não existe, se ela existe não existo mais, outros planejam a vida espiritual, mas a morte unida da vida na civilização gera assassinatos gigantescos, por isso a sempre atual necessidade de uma ética humana e universal.
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