A Esquerda e o jeitinho no Brasil - Blog A CRÍTICA

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A Esquerda e o jeitinho no Brasil

A  Esquerda surge junto da Modernidade, que como diz Habermas é um grande projeto de modificação do mundo terreno. Para o que nos interessa mencionaria o governo puro, da separação dos poderes de Montesquieu, regido pelo Direito Administrativo. A esquerda pós-Marx, embora, desconsidere a preocupação com a "realidade" pós grande revolução, não é indiferente à modernidade, pelo contrário, é uma autêntica filha da modernidade. No grande livro Crítica da Modernidade, Alain Touraine, inclusive, passa sua análise da Modernidade triunfante, o desencantamento do Mundo de Max Weber;  a uma Modernidade em crise e, em seguida, ao nascimento do sujeito. Entre os dois últimos, modernidade em crise e nascimento do sujeito, contrasta os totalitarismos com o sujeito autônomo e solidário coletivamente.

Portanto, a Esquerda tende a acreditar na transformação da sociedade, para além do ponto de vista burguês, tende a ser humanista. 

No Brasil, estando, evidentemente, do lado dos setores mais oprimidos, muitas vezes se depara a Esquerda com um traço do povo e da sociedade aqui criada; como diz Darcy Ribeiro, nem europeia, nem africana e nem indígena, um povo novo; falo do famoso jeitinho. Com seu caráter universalizante é comum aos políticos de esquerda desconsiderarem esse aspecto, justamente, por isso se depara com situações particulares.

Nas análises sobre o que era o Brasil feitas ao longo do século XX  separara-se entre os que analisam a partir da casa, tidos como de direita e os que fazem esse estudo pela economia, de esquerda. Quero aqui embaralhar tudo.

Por exemplo, digamos que haja a invasão de um terreno em determinado município, é claro que a esquerda, pelo seu caráter humanístico, ficará do lado dos ocupantes, mas existem casos em que essa ocupação servirá para, depois de confirmada  a posse, ser mercadoria de venda. Agora mesmo na cidade de Caicó-RN, fora construído um bairro; apesar de que não serviu para os que realmente precisavam, por que é o jeitinho entre os que ocupam o poder público e seus afeitos; mas mesmo assim serve como exemplo, uma investigação constatou que muitos dos imóveis doados, foram trocados e vendidos.

As administrações públicas no Brasil são miseráveis, tudo funciona na base do jeito, mas não só a Administração, isso tá no povo também. Talvez por isso que Darcy tenha dito que seu livro O Povo Brasileiro não agradara nem à Direita e nem à Esquerda. A Direita pode usar o jeito para lucrar, financeira e eleitoralmente, por exemplo nos contratos firmados entre terceiros e o setor público favorecendo apadrinhados, crime organizado partindo das entranhas do Estado etc.; a Esquerda pode se ver em uma situação de fracasso de sua luta, descontextualizada nesse tipo de atitude.

A esquerda não deve ter medo de enfrentar o jeitinho, sendo ela filha da Modernidade e já ciente do mal do totalitarismo, pode se modernizadora e libertadora do sujeito.

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