Com as alterações desencadeadas pelas mudanças climáticas sobre os ecossistemas, muitas espécies não suportarão mais viver em seus habitats atuais e terão que se adaptar ou se deslocar para encontrar as condições ideais.
Autor: Fernanda B. Müller - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
O clima em alteração cria novos ambientes em algumas áreas e faz outros desaparecerem, mas esses padrões e as suas consequências ainda não são totalmente compreendidos.
Em uma nova pesquisa publicada na revista Nature, um grupo internacional de cientistas, incluindo os australianos do CSIRO, produziu mapas globais mostrando a velocidade e em qual direção as temperaturas têm mudado nos últimos 50 anos (1960 a 2009), e analisou como isso já está impactando na distribuição das espécies. O estudo faz projeções até o final do século.
A pesquisa mostra que várias espécies de peixes e invertebrados que vivem no Hemisfério Sul já alteraram sua distribuição geográfica em direção a regiões mais frias.
Na superfície, espécies têm buscado alívio do calor, se movimentando em direção ao litoral, a altitudes mais elevadas, a montanhas mais sombreadas ou para longe da linha do equador.
O estudo ressalta que elementos geográficos (por exemplo, montanhas e o litoral) podem agir como barreiras ou como imãs, influenciando os padrões de migração.
Além disso, os pesquisadores afirmam que o sucesso na migração de uma espécie pode significar uma tragédia para outras. Por exemplo, o aquecimento das águas e o fortalecimento da corrente oriental australiana fizeram com que o ouriço Centrostephanus rodgersii invadisse a costa da Tasmânia, causando muitos prejuízos para as enormes florestas de kelps (tipo de alga) e, consequentemente, para os estoques de lagosta.
Os pesquisadores apontam a importância de se conhecer as áreas vulneráveis a migrações causadas pelas mudanças climáticas, para se possa implementar esforços de conservação e tomar decisões de manejo informadas.
“Áreas com alterações lentas na temperatura podem ser melhores para a proteção de espécies endêmicas e de vida longa (como aquelas que formam florestas ou recifes). Áreas expostas a pressões significativas podem precisar de ajuda para permitir migrações climáticas. Para espécies sésseis (fixas), pode ser necessária uma movimentação assistida”, ponderam.
Os pesquisadores concluem que é importante notar que o estudo não pode ser usado individualmente como guia para o que se fazer face às mudanças climáticas, e que é preciso considerar fatores biológicos, como a capacidade de adaptação e dispersão das espécies. Porém, neste período de mudanças sem precedentes, é necessário agir rapidamente para garantir que a maioria das espécies sobreviva.
Os mapas podem ser acessados nesta página, mas é necessário possuir o Google Earth instalado para visualizá-los.
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