Falar de Estado mínimo no Brasil é o mesmo que falar em unicórnios eu mulas sem cabeça, para adentrar ao folclore nacional. O Brasil existe pelo Estado, isso não me faz referir a um Estado leninista e muito menos a defesa do Estado. O sertão do Brasil era uma terra sem Brasil e o Brasil era uma nação sem povo. Os choques às vezes foram sangrentos, como em Canudos, ou até conciliatórios, como em Juazeiro do Norte com a presença do Padre Cícero, que passou a ter um prestígio político institucional fortíssimo ao lado de seu carisma fanático-religioso.
Os sertões do Brasil somente passaram a ser Brasil há poucas décadas, o Estado adentrara abrindo estradas, construindo uma escolinha aqui outra acolá e acima de tudo combatendo as pragas, o nosso território sempre fora empesteado de doenças, sobreviver no sertão até poucas décadas era uma sorte tremenda, casas repletas de crianças todas contaminadas com sarampo, chegando a tomar chás feitos com fezes de cachorro, barbeiros, percevejos e piolhos nunca faltaram.
A fome sempre fora a pior de nossas pragas, dela parte a outra praga, a praga política, os coronelismos, clientelismos, patrimonialismos; embora o Estado tenha feito o Brasil e não o Brasil tenha feito o Estado, isso não quer dizer que tenha sido grande missão; sempre ineficaz, corrupto, podre, sugador da miséria dos sertões e das favelas.
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