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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Nós, os vermes da seca

Além da finalidade físico-biológico a água tem um sentido humanizador ou civilizatório; na civilização a água não serve apenas para saciar a sede, tem um caráter de elemento socializante, de uma forma que à medida que ficamos sem ela começamos a nos sentir vermes. Imagine-se o que era ser retirante, caminhar com sede, fome, o corpo suado e sujo, baixo um sol escaldante. Essa é uma mancha da história brasileira.

Em 2015 estamos a viver uma hecatombe, depois de um final da primeira década do Século XXI com sucessivos anos  com bons períodos de chuvas, entre 2008 e 2011, o semi-árido nordestino entrou em 2012 num período de estiagem longo. De lá pra cá o volume dos grandes reservatórios, responsáveis por ainda disponibilizar água em algumas cidades e regiões do semi-árido e, constituindo-se, portanto, em notável avanço, foram praticamente zerados.

Aqui em Caicó-RN não temos mais água, pelas ruas um novo comércio emerge, o comércio da água, durante todo o dia ouvimos uma ferramente típica nas cidades do interior do Brasil:  carros de som, anunciando "água boa" que ninguém sabe sequer a procedência; compra somente possível em virtude de uma melhora significativa na renda, mesmo em bairros pobres, exceto nos bairros miseráveis, onde a hecatombe é muito maior; apesar disso longe de ser alguma solução.

No Brasil sempre se espera chegar a tragédia para depois sequer procurar soluções atrasadas, ainda passa pela busca da culpa. Agora estamos n encruzilhada do desespero, tendo como única solução o acaso de uma temporada de chuvas iniciando-se em Janeiro.

As emendas parlamentares são os símbolos do atraso político nacional, espera-se a tragédia para faturar cachês eleitorais uma emenda para poços, uma emenda para adutora, outra emenda para carros-pipa. Nada funciona, aos correligionários resta destacar a "luta" do deputado aliado. A política que devia ser a racionalização preparatória para o abastecimento do semi-árido, com instalações de reserva apenas à espera do momento de emergência para serem usados, fica apenas em retórica vazia.

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