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domingo, 6 de março de 2016

Se tudo fosse pela República

Luiz Rodrigues

Nem vou chamar a república de a grande puta, ela não tem culpa nisso. No vídeo que circula com força na rede gravado pela Deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) Lula manda que enfiem o processo no cu; o vídeo saiu bem republicano, embora, com certeza, fora uma falha; republicano por que se disse o que se pensava, mas antirrepublicano pelo conteúdo.

Nesses embates a tese do imperialismo suprime a República, com o imperialismo por trás deixamos de existir; ora, imperialismo existe justamente para suprimir a autonomia, então para quê ser republicano? Republicanismo a todo custo, afinal de contas se se é a vanguarda deve pagar pelo mal maior da nação; mesmo se como se diz a justiça for seletiva. Quem praticou atos antirrepublicanos para fazer da República republicana deve assumir seus atos e ser punido, assim serve de modelo; ora, a vida dos mártires servem pelo exemplo...

Jogando o jogo das comparações o Partido dos Trabalhadores e seus partidos e entidades coligadas entram na lógica perversa da negação da República; quando deviam aferrarem-se numa postura "suicida", largarem o poder e bradarem a todos os Ipirangas que o que falta para a nação, o que a corrói são as atitudes antirrepublicanas. 

Não importa o DEM, o PSDB, Sérgio Moro ou o imperialismo. Quanto mais mártires punidos, embora que os do outro lado pratiquem os mesmos atos sem punição, mais o exemplo se espalhará na consciência nacional; a quebra da popularidade ganha o valor eterno de republicanizar a república sob o preço cruel da perda do poder; a vida de mártires não é fácil.

Evidente que isso só seria possível com uma aceitação pelos membros do partido, mas com uma busca pela vida do partido; venceriam os que roubam e não são presos com a extinção do partido; deve-se, portanto, ensinar aos novos quadros que não importa os ídolos presos ou a idolatria partidária, mas sim um recomeço incessante atropelando tudo, acenando para as comparações com os novos casos de corrupção que forem surgindo.

Essa é a única forma de sobrevivência do PT, ainda mais que no Brasil é comum lideranças ao invés de se isolarem nos partidos saem e criam outras legendas; ensinem aos militantes petistas que a autodefesa será em vão; ensinem a se agarrarem a uma crítica do próprio partido mas mantendo-o existente; desvinculando do poder como a solução e fazendo da existência do partido a grande causa. E por que isso? Pelo fato de um grande partido ser essencial para a defesa do republicanismo, sem uma grande instituição organizada perde-se a capacidade de embate, o poder para o PT agora se faz nocivo, por outro lado há o grande risco da desintegração; o partido se encontra na sua encruzilhada: decisiva ou final, sendo a apego à autodefesa inútil.

Se o PT quer ser um partido republicano tem que mudar o discurso vitimista; isso caberá aos militantes, aos que não têm poder nem empregos, os que desconfiam do próprio partido; somente esses podem salvá-lo. Quando se naga a relação corrupta com empreiteiras em nome de uma solução de um golpe só se naga a causa republicana: "eles fazem também fazemos é o único jeito", esse discurso mata o partido, condena-o a extinção.

A manutenção do partido passa por uma mudança; de partido solução a partido "garantista" (sem relação com a terminologia jurídica); isto é dizer, tornar-se um partido veículo não mais para a manutenção do poder presidencial, evidente que ele poderá retornar um dia se for perdido, e sim o partido com uma geração de militantes denunciadores, essa é grande lição; o PT tem a chance de abandonar a causa do poder e ingressar na causa da república; questão de escolha.

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