por Júlio Miragaya*
O presidente do Cofecon, Júlio Miragaya, defende que por trás da tese liberal do Estado Mínimo (para os mais pobres) está a tese do Estado Máximo para o topo da pirâmide social.
O fato é que por trás da tese liberal do Estado Mínimo (para os mais pobres) está a tese do Estado Máximo para a turma no topo da pirâmide social. Foi assim na reação conservadora no início da década de 1980, com a ascensão de Reagan nos EUA e de Thatcher na Grã-Bretanha, com a redução de impostos para os ricos e o corte nos programas sociais para a turma de baixo na pirâmide, e com o desmonte do modelo do Welfare State, construído essencialmente nas décadas de 1950 e 1960.
A quem serve o Estado? No sistema capitalista, evidentemente à burguesia. No Brasil, embora os ganhos de capital tenham uma contribuição reduzida para a carga tributária, são os ricos que mais dela reclamam. E quanto à sua distribuição, se queixam descaradamente do Estado destinar R$ 27 bilhões anuais a 40 milhões de miseráveis atendidos pelo Bolsa Família e se locupletam com os R$ 500 bilhões anuais que embolsam na forma de juros da dívida pública, além de outras centenas de bilhões na forma de subsídio, isenção, desoneração e sonegação.
Os conservadores no Brasil sempre exerceram muito bem o que Gramsci chamou de “hegemonia cultural”, mas sem abdicar de seus instrumentos mais diretos de exercício do poder, como o aparelho judicial e policial, condição oportunisticamente ignorada pelos que apostaram na conciliação de classes e que hoje pagam um alto preço.
* Presidente do Conselho Federal de Economia.


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