por Humberto Dalsasso
O economista Humberto Dalsasso defende que a economia brasileira passa por um momento em que as subterrâneas raízes da corrupção estouram do solo.
Certa vez, ao visitar, com outro colega, uma linda fazenda no nordeste brasileiro, onde estavam cultivadas plantas frutíferas, irrigadas por canos instalados que jorravam gotas d`água alternadas – para o lado direito e para o lado esquerdo – automaticamente, mentalizei aquela alternância e iria perguntar ao proprietário por que alternar. Mas, antes que eu perguntasse, meu colega opinou ao dono da fazenda: “Tenho uma observação a fazer: aqui na região, em que a água não é abundante, é preciso economizar, e não fazer o gotejamento alternado”.
Enquanto eu iria perguntar “por que”, meu colega, considerando-se “o dono da verdade”, já julgou. O fazendeiro respondeu: “Doutor, se for gotejado para apenas um dos lados, as raízes crescerão só para aquele lado, a planta cairá e se destruirá, e não teremos frutas nem a beleza da primavera”.
Voltando ao tema, estamos na primavera e, embora a economia brasileira não esteja no panorama de flores mas na emergência de brutais e indesejáveis atos de corrupção generalizada, enraizadas (corrupção sistêmica), o momento é muito importante para o futuro. A roubalheira aflorou.
É vergonhoso e inaceitável que, enquanto faltam recursos para investimentos em saúde, educação, segurança, infraestrutura e outros, são bilhões e bilhões desviados por governantes e seus aliados (no executivo, no legislativo e outros) por corrupção.
Felizmente, ainda há exceções e bons exemplos de correção, cabendo destaque a postura do juiz Sérgio Moro, fazendo com que as subterrâneas raízes da corrupção estourem o solo, se tornem perceptíveis e merecedoras de severas punições.
Desta forma, a emergência dessas raízes, não só assustará os corruptos, levando-os a pensar mais antes de praticar novos atos, bem como levando-os a severas punições e restituição dos valores roubados.
Isto nos leva à esperança de que, a partir do próximo ano, tenhamos uma gestão pública mais eficaz e a condução da economia às belezas da primavera. Além do papel das autoridades públicas, as instituições, organizações e as pessoas têm a incumbência de acompanhar, auxiliar/contribuir e agir para que o panorama se torne realidade.
A racionalização das contas públicas é fundamental. Alguns itens como:
1) Redução dos gastos e da dívida pública (é preciso reduzir o tamanho do governo e melhorar a eficácia. Não há razão para o tamanho da Câmara dos Deputados(531) e seus servidores. É possível reduzir em 40 ou 50% o número de deputados e suas equipes. Que cada deputado tenha uma pequena equipe e que se tenha uma equipe básica que atenda a todos os deputados. Ao reduzir a dívida pública e a corrupção, reduzem-se bastante os gastos.
2) Com a redução dos gastos (desperdícios) poder-se-á melhorar a atenção à saúde, à educação, à segurança e aos investimentos em infraestrutura.
(*) Economista e Consultor Empresarial de Alta Gestão.


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