O Tesouro IPCA, título público que paga a variação da inflação medida pelo IPCA somado a uma taxa prefixada, tem chamado a atenção nas últimas semanas. Isso porque a taxa prefixada a ser paga pelo título tem girado acima de 6% de juro real, o que não é comum de se observar no mercado de renda fixa. Inclusive, um levantamento da Quantum Finance mostrou que o Tesouro IPCA+ atingiu 6% ou mais de retorno real em menos de 25% das sessões nos últimos 10 anos. O Tesouro IPCA, por ser emitido pelo governo federal, é considerado um dos papeis mais seguros do mercado.
Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, explica que a atratividade dos títulos se dá porque, no caso de títulos IPCA+, é possível obter rentabilidade através do juro real, ou seja, a rentabilidade contratada reflete seu ganho real acima da inflação, protegendo o poder de compra do capital investido.
"Se olharmos o histórico de negociação dos títulos públicos, em pouquíssimos períodos de tempo, tivemos oferta de taxas reais pagando acima de 6% ao ano. Uma métrica comum ouvida como objetivo dos investidores mais conservadores costuma girar em torno de 1% ao mês de retorno nominal. Se considerarmos, por exemplo, o IPCA de fevereiro deste ano, com variação mensal de 0,83%, o investidor que teve um ganho nominal de 1% teve, em contrapartida, um ganho real de 0,17%, de forma que 83% do seu ganho foi perdido em poder de compra. Na faixa dos 6% ao ano, a rentabilidade mensal real, acima da inflação, fica em torno de 0,49%", explica.
Nesse contexto de taxas altas, Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital, acredita que segurar os títulos é a opção mais interessante no momento para quem já tem títulos adquiridos. "De fato as perspectivas eram de que a curva estaria em patamares melhores em 2024 com a Selic caindo, mas na nossa visão o estrutural não mudou. Juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos ainda estão em patamares restritivos e devem cair, talvez em intensidade menor e numa velocidade menor. Todavia, quando falamos de títulos mais longos, como não há muito prêmio adicional por prazo, preferimos títulos com vencimentos entre 8 e 12 anos", diz Fonseca.
Inclusive, para investidores que têm como objetivo alcançar o primeiro milhão, o Tesouro IPCA + 6 pode ser uma peça chave na estratégia de investimento. "Utilizar essas taxas altas para a composição de juros ao longo do tempo pode acelerar significativamente o crescimento do patrimônio. Recomendo estabelecer um plano de aportes consistentes e/ou, sempre que a taxa estiver acima de 6%, aplicar o saldo que tiver disponibilidade para aproveitar as oportunidades", ressalta Lago.



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