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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Chile: novos protestos pela educação gratuita

Na quarta-feira, mais de cem mil pessoas manifestaram-se em Santiago, no culminar de uma jornada de greve conjunta de estudantes e trabalhadores marcada por confrontos com a polícia. Os estudantes ocuparam colégios onde se realizarão no domingo as primárias para as presidenciais chilenas e o Governo despejou-os à força esta quinta-feira.
Foto estebanignaciom/Flickr
As últimas semanas foram de grande intensidade num protesto estudantil que dura há anos e conquistou apoio de outros setores da sociedade, pelo ensino gratuito e de qualidade, revogando as propostas do Governo para a Educação. No Chile, apenas 36% da educação escolar é pública e as universidades públicas cobram milhares de euros. O resultado da desigualdade no acesso à Educação, segundo dados oficiais, é que apenas dois terços dos jovens de famílias pobres terminam o ensino secundário antes dos 24 anos. O sistema educativo herdado da ditadura de Pinochet tem de ser mudado imediatamente, defendem os estudantes. 
Os protestos marcados para quarta-feira começaram de madrugada, com barricadas e cortes de estradas nos acessos à capital e enfrentamentos com a polícia. Ao início da tarde, mais de cem mil pessoas encheram o centro Santiago numa marcha para exigir a demissão da ministra nomeada em abril. Carolina Schmidt foi também criticada por ter ido de férias para Itália no meio da maior agitação estudantil desde que tomou posse.
Diego Vela, presidente da Federação de Estudantes da Universidade Católica, destacou o impacto regional do protesto, sobretudo ao nível dos trabalhadores portuários que pararam 90% dos portos chilenos, mas também junto dos trabalhadores do cobre e dos serviços postais. "Temos de perceber que esta unidade marca um precedente para as manifestações seguintes", afirmou ao Diário Las Americas.
A par desta jornada, os estudantes já tinham ocupado dezenas de colégios onde no próximo domingo os chilenos irão pela primeira vez votar em primárias para os candidatos presidenciais. Os líderes estudantis dizem não se sentir representados nos candidatos a votos e recusaram as acusações do presidente Sebastián Piñera, que os chamou de "delinquentes" e anunciou mudanças da lei na sequência dos protestos. Piñera quer que a polícia prenda os manifestantes encapuzados e possa identificar preventivamente os restantes, criminalizando também os insultos às autoridades durante os protestos.
Para abandonarem as escolas ocupadas, os estudantes exigiram que o Governo retirasse as propostas de lei para o Ensino Superior e a Carreira Docente, que entre outros aspetos propõe que o Estado assuma a gestão dos créditos bancários sobre os estudantes universitários, fortemente endividados para poderem estudar. Mas a resposta foi o uso da força, apesar dos apelos do líder dos autarcas chilenos. "O que se passou hoje faz lembrar os piores momentos da ditadura", afirmou Santiago Rebolledo à Radio Cooperativa, referindo-se ao despejo feito de madrugada e nalguns casos com recurso a gás lacrimogénio e violência policial. Os autarcas já tinham entregue ao governo uma lista de escolas alternativas para realizar as primárias, como forma de prolongar a via do diálogo, abruptamente interrompida esta quinta-feira. Em resultado dos despejos das 21 escolas, 133 estudantes, na maioria adolescentes, acabaram detidas pela polícia.

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