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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Islândia ataca o poder exclusivo dos bancos privados na criação de dinheiro

Artigo de Marco Antônio Moreno - El Blog Salmón


O governo islandês está considerando eliminar o poder dos bancos privados para criar dinheiro e deixar esse poder exclusivamente para o banco central. A proposta é revolucionário e toca numa questão altamente sensível que é a responsabilidade da banca privada pela criação de dinheiroComo já explicamos em vários posts não são os bancos centrais responsáveis ​​pela expansão maciça de dinheiro. Em finanças modernas, os bancos centrais são os criadores da base monetária, mas os bancos privados, através do multiplicador monetário, que têm a autoridade para criar dinheiro através de empréstimos e linhas de crédito. Daí que inclusive o,  FMI sugere eliminar os bancos privados do seu papel na criação de dinheiro do nada.
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Foto: El Blog Salmón

Dependendo da taxa de reservas ou de renda, os bancos privados multiplicam o dinheiro na proporção inversa a sua taxa de reserva. Se a taxa de reserva é de 20 por cento, o banco privado multiplica por cinco vezes a quantidade de depósito de dinheiro (1/0,2). Mas, se a taxa de reserva é de 1 por cento, o banco privado multiplica por 100 vezes o depósito de dinheiro (1 / 0,01). Consta que, antes da eclosão da crise os bancos privados tiveram taxas de reserva ainda mais baixas do que 1 por cento. Com uma taxa de reserva de 0,5 por cento, Citibank e Goldman Sachs criaram $ 200 milhões de dólares a partir de um milhão de dólares em uma única operação.

Durante vários anos, este procedimento não teve nenhum problema dado que todos os valores se moviam em alta e nunca havia perdas maciças. O problema é que bastava uma queda de 1 por cento de forma constante, de modo que o dinheiro realmente existente, um milhão de dólares de depósito, diluía-se e só ficava dinheiro fictício, todo aquele criado artificialmente  pelos banqueiros. Isso explica por que as injeções maciças de liquidez aos bancos por bancos centrais (60 bilhões de dólares), não conduziram a restauração da ordem e da recuperação econômica. Eles só têm permissão para dar corpo real para os milhares de milhões de dólares que foram criados a partir do nada.
Daí a proposta do governo da Islândia ser completamente revolucionária para a época e marca uma ruptura na teoria monetária moderna. De acordo com um estudo realizado pelo banco central, a Islândia teve mais de 20 casos de crises financeiras de diferentes tipos, desde 1875, com seis graves episódios de crise financeira, a cada 15 anos, em média. Para o parlamentar Frosti Sigurjonsson, criador desta nova iniciativa monetária chamado de melhor sistema monetário para a Islândia, o problema dos booms de crédito surge com força em períodos de grande expansão econômica. Ou seja, os bancos privados não são capazes de terminar a festa e continuam até a explosão em embriaguez. Os bancos centrais, com a simples gestão da taxa de juros, geralmente, chegam tarde para tentar acabar com a festa.
Na Islândia, como em todas as modernas economias de mercado, o banco central controla a criação de notas e moedas, mas não a criação de moeda fiduciária, que ocorre assim que um banco comercial oferece uma linha de crédito ou gera um empréstimo. O banco central só pode influenciar na oferta de dinheiro com sua política monetária, mas não na quantidade de dinheiro que os bancos privados criam a partir do nada. Se a proposta Frosti Sigurjonsson for aprovada pelo parlamento, a Islândia será o primeiro país em que o banco central criará dinheiro diretamente para o uso dos contribuintes.

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