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quinta-feira, 7 de junho de 2018

Investimento direto estrangeiro cai 23% em todo o mundo

Foto: UnctadSede da Unctad em Genebra
O investimento direto estrangeiro global caiu 23% no ano passado, de US$ 1,87 trilhão em 2016 para US$ 1,4 trilhão. A conclusão faz parte do Relatório de Investimento Mundial, lançado esta quarta-feira pela Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad.
A pesquisa também destaca melhorias em outras variáveis macroeconômicas e faz previsões de crescimento moderado para este ano.

Motivos

O chefe da Seção dos Países Menos Avançados, PMAs, na Unctad, Rolf Traeger, explicou à ONU News, de Genebra, os motivos desta queda. Segundo ele, esta é a maior descida da última década, desde a crise financeira de 2007 e 2008.
“Um dos fatores é que o retorno sob investimento direto estrangeiro se reduziu em diversos destinos, por exemplo na África e na América Latina. Se o retorno é menor, isso é um desincentivo para futuras operações. Outra questão é o clima de incerteza gerado pela perspectiva de guerra comercial internacional pelo qual estamos a passar atualmente. Esse risco põe em risco as cadeias mundiais de valor e os fluxos de investimento são diretamente ligados às cadeias mundiais de valor.”

Custos

As previsões do relatório para 2018 são tímidas. A taxa de investimento deve aumentar levemente, mas manter-se bastante abaixo do valor médio dos últimos 10 anos. Traeger acredita que esta descida pode ter riscos para a qualidade de vida, se continuar nos próximos anos.  
“A médio e longo prazos, o risco que pode ter é um impacto sobre a geração de atividade econômica, geração de empregos, e geração de riqueza. O bem-estar das pessoas pode sofrer um impacto negativo. Por outro lado, estamos a viver uma era em que todos os países do mundo estão a perseguir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Ora, o investimento em geral, incluindo o investimento direto estrangeiro, faz parte dos instrumentos de financiamento dos investimentos necessários para se chegar a esses ODSs.”

Angola

No grupo de nações de línguas portuguesa, Angola teve a maior redução.
Traeger explica que se passou de uma entrada de US$4 bilhões em 2016 para uma saída de US$ 2 bilhões no ano passado. Segundo ele, isso acontece porque o investimento está diretamente ligado aos fluxos e ciclos do investimento no petróleo.  
Para a Unctad, “houve uma transferência muito grande de fundos das multinacionais que operam em Angola para outras filiais dos mesmos grupos, através de empréstimos dentro da companhia”.

Cabo Verde e Guiné-Bissau

O relatório apresenta os valores de investimento em relação à formação bruta de capital fixo.
No ano passado, apenas dois países lusófonos tiveram um crescimento nesta taxa. Portugal passou de 20,8% para 21,3% e São Tomé e Príncipe de 24,5% para 40,6%.
Houve queda ainda no Brasil: de 19,4% para 17,2%, em Angola de 51,3% para -23,2%, e Moçambique de 71,1% para 60,3%.
Deste grupo de países, apenas Cabo Verde e Guiné-Bissau aumentaram levemente os fundos investidos em outras nações.

Preocupação

Numa nota, o secretário-geral da Unctad, Mukhisa Kituyi, disse que pressão sobre o investimento direto estrangeiro e o abrandar das cadeias de valor globais são grandes preocupações principalmente nos países em desenvolvimento.
Kituyi acredita que “investimento em bens de produção será necessário para alcançar o desenvolvimento sustentável nos países mais pobres”.
Segundo o relatório, uma escalada e alargamento das tensões comerciais pode continuar a afetar estes valores. As reformas fiscais nos Estados Unidos também podem influenciar os padrões de investimento globais

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