Dyelle Menezes
Do Contas Abertas
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O principal programa do governo federal voltado para a inclusão social do esporte, o Segundo Tempo, é o epicentro do terremoto que vem abalando a estrutura do Ministério do Esporte. A denúncia é que o ministro, Orlando Silva, utilize ONG`s para desviar dinheiro para o próprio partido, o PC do B. No total, o programa já aplicou R$ 782,3 milhões desde 2004, quase a metade do das aplicações foi destinada às entidades sem fins lucrativos. A modalidade de pagamento recebeu R$ 345,7 milhões no mesmo período, mais do que o repasse para municípios que chegou ao montante de R$ 270,6 milhões.
Vale ressaltar que o investimento caiu nos últimos anos. Durante todo o ano de 2010, por exemplo, o repasse de recursos para entidades sem fins lucrativos chegou a cifra de R$ 69,4 milhões. Neste exercício, depois de quase dez meses, os valores não ultrapassaram o montante de R$ 17,3 milhões. (veja tabela)
Em 2011, a empresa mineira VR Comércio de Calçados Ltda foi a que mais recebeu verbas, cerca de R$ 26,5 milhões. A entidade fornece material educativo e esportivo para o programa. Em segundo lugar ficou a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que já recebeu R$ 10 milhões em 2011. Em seguida, na terceira posição, está a Secretária de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro, que embolsou R$ 5,9 milhões. Ao que parece, as instituições não possuem ligações com o PC do B.
Contudo, segundo o jornal O Estado de São Paulo divulgou ontem (24) e o próprio Contas Abertas na semana passada (veja matéria), o mapa de repasses do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, revela situações diferentes. A reportagem afirma que o ministro Orlando Silva alimentou com verbas federais a rede de militantes que, nos últimos anos, o PC do B instalou em postos-chave do nicho esportivo no setor público. Nos últimos dois anos, prefeituras e secretarias municipais de Esporte controladas pelo partido estiveram entre as maiores beneficiadas por recursos do Segundo Tempo, criado para promover atividades físicas entre estudantes.
O Estado apurou que lideranças de partidos da base governista chegaram a levar ao ministro reclamações de prefeitos paulistas que não conseguiam contratar o Segundo Tempo. Eles alegavam que, para fechar os contratos, teriam de contratar a ONG Bola Pra Frente, da ex-jogadora de basquete Karina Rodrigues, também envolvida em denúncias de corrupção. O ministro teria relativizado as reclamações.
Em Manaus, que recebeu a maior liberação de verbas de 2009, o secretário de Esporte, Fabrício Silva Lima, disse que o primeiro convênio da cidade foi fechado ainda na época em que o PC do B chefiava a pasta, no governo de Serafim Correa (PSB). Os recursos, cerca de R$ 4 milhões, foram liberados na gestão seguinte, do prefeito Amazonino Mendes (PDT). "Fomos muito bem tratados pelo ministério", disse o atual secretário. "Eles só sugeriram a contratação de ONG para ajudar. Mas foi uma sugestão, não imposição. Nem deram nomes."
Segundo levantamento do Contas Abertas, entre as prefeituras, de janeiro a outubro de 2011, a que recebeu o maior repasse per capita do Segundo Tempo foi a de Sobral (CE), cidade em que o coordenador do programa é um ex-candidato a vereador e dirigente municipal do PC do B. Foi quase R$ 1,5 milhão para uma população de cerca de 188 mil moradores.
Militantes do PC do B também administram os recursos liberados pelo ministério em Goiânia (R$ 2,2 milhões) e Fortaleza (R$ 980 mil), duas capitais nas quais o partido conseguiu nomear os secretários de Esporte por causa de acordos com o PT, que governa as duas cidades. Na capital cearense, o secretário é suplente de vereador e professor de história; em Goiânia, advogado e dirigente partidário.
Em números absolutos, Belo Horizonte é a líder no ranking das verbas deste ano, com R$ 2,6 milhões. Lá, o PC do B só não ocupa ainda a Secretaria de Esportes porque sua criação está pendente de aprovação pela Câmara. O partido já acertou a adesão ao governo do prefeito Márcio Lacerda (PSB), além do apoio à sua reeleição.
No ano passado, Sobral também esteve na lista das maiores beneficiadas pelo Segundo Tempo - recebeu o terceiro maior repasse. Em sexto lugar apareceu o município goiano de Anápolis, administrado pelo PT, onde a diretora financeira da Secretaria de Esportes é a presidente municipal do PC do B. E, no décimo posto, estava a cidade de Juazeiro, na Bahia, cujo prefeito também é comunista.
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terça-feira, 25 de outubro de 2011
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Quase a metade do investimento no Segundo Tempo foi para entidades sem fins lucrativos
Quase a metade do investimento no Segundo Tempo foi para entidades sem fins lucrativos
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