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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Cortes fazem disparar desemprego em Espanha


O desemprego na Espanha registou o pior índice das últimas décadas no segundo trimestre deste ano. Uma em cada quatro pessoas da população ativa do país está desempregada, revelou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística espanhol.
Foto the real duluoz/Flickr
Segundo o jornal El Pais, a taxa de desemprego chegou a superar a registada em 1994 (24,55%) que era considerada, até então, a maior já vivida na Espanha nos tempos de democracia. São números  que não se viam desde 1976, durante a ditadura franquista.
De abril a junho, mais de 50 mil pessoas ficaram sem emprego no país que passou a somar, no total, 5,6 milhões de desempregados, incluindo espanhóis e estrangeiros. Como consequência disso, a taxa de desemprego subiu em 0,19% em relação ao trimestre anterior e situa-se em 24,63%.
A falta de emprego atingiu de forma desigual as regiões espanholas, os setores económicos e a própria população. Dependendo da faixa etária, do sexo, da área de trabalho e da região, os moradores da Espanha encontraram mais ou menos dificuldades para serem empregados neste segundo trimestre. Mulheres jovens, da região da Andaluzia que trabalham no ramo da agricultura foram as mais prejudicadas pela situação económica no último trimestre.
Mesmo com o desemprego entre os homens a aumentar em relação ao índice anterior, atingindo 24,5%, da população masculina, e mais postos de trabalho terem sido criados para o setor feminino, a taxa de desemprego entre as mulheres foi de 24,71%. A população jovem continua a ser a mais atingida pela crise, segundo os dados divulgados.
As estatísticas também mostram que 44 mil empregos foram destruídos na área da agricultura e 21 mil na indústria, enquanto que 42,8 mil foram criados no setor de serviços e 6,2 mil na construção. Para o El Pais, a queda de postos de trabalho na indústria é um dos sinais mais preocupantes da recessão económica.
Em relação às regiões da Espanha, a mais atingida pelo desemprego durante o segundo trimestre foi a Andaluzia, onde 23,3 mil pessoas se tornaram desempregadas, e a menos foi o arquipélago das Ilhas Baleares, seguida por Madrid. Apesar disso, a maior taxa de desemprego (33,9%) foi encontrada na Catalunha e a menor, no Paíse Basco (14,56%).
A austeridade e o desemprego
As autoridades espanholas explicaram que o aumento do índice de desemprego no país é consequente da recessão económica e do aumento da população ativa no país (37,6 mil pessoas a mais do que no começo do ano). No entanto, diários espanhóis apontam também o papel dos cortes orçamentais e da reforma laboral, aprovada pelo governo em fevereiro.
Como lembrou o El Pais, esta estatística é a primeira realizada após a reforma laboral no país e mostra os seus efeitos nefastos na taxa de desemprego. Responsável por flexibilizar os contratos, a reforma foi responsável por embaratecer os despedimentos.
O novo plano de austeridade aprovado pelo Parlamento espanhol neste mês deve piorar ainda mais o quadro económico no país. Apenas no segundo trimestre, o setor público destruiu 63 mil postos de trabalho, o que deve piorar nos próximos meses com a aplicação das novas medidas.
Até 2014, o governo espanhol deve economizar 65 mil milhões de euros de seu orçamento público.  Esta foi a condição imposta pela União Europeia ao empréstimo bilionário negociado com o governo no dia 9 de julho, realizado para recapitalizar os bancos nacionais. Enquanto as instituições financeiras recebem o apoio financeiro do Estado, o presidente espanhol anunciou que irá realizar cortes severos do orçamento público e um drástico aumento dos impostos.

Artigo de Marina Mattar, publicado em Opera Mundi.

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