Caicó-RN: Comunidade de Carnaval - Pão e circo municipal - Blog A CRÍTICA

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Caicó-RN: Comunidade de Carnaval - Pão e circo municipal

Pão e circo:
Um sistema atrasado mantém o controle da cidade há cerca de 50 anos, mesmo antes era pior ainda, fazendo um revezamento naquilo que chamam o verde e o vermelho, essa é uma forma de prender os eleitores por um idealismo imprestável, constitui-se em uma das formas mais atrasadas e imbecis de se fazer "política". O Fato é o que os "governos" que saem desse sistema governam na basa da idealização e da fantasia, fazem o marketing em cima de uma cidade fantasiada, mostram uma cidade com o 3º maior carnaval do Norte, isso não sai da boca dos sensacionalistas dos programas policiais, como se tivesse importância, cidade da carne-do-sol e do queijo, enfim de uma parcela de brancos e bem vestidos, mas há também a Caicó do "Beco da faca", da prostituição generalizada, do consumo excessivo de álcool e drogas, para "combater" isso os sensacionalistas pedem polícia nas rádios da cidade.

É comum acontecer essa segregação dentro do sistema líquido moderno, como muito bem nos revela o sociólogo polonês, Zigmunt Bauman.

"Numa de minhas viagens de conferências, fui recebido no aeroporto por uma jovem professora filha de um casal de profissionais ricos e da alta escolaridade. Ela se desculpou porque a ida para o hotel não seria fácil, e tomaria muito tempo, pois não havia como evitar as movimentadas avenidas para o  centro da cidade constantemente engarrafadas pelo tráfego pesado. De fato levamos quase duas horas para chegar ao lugar. Minha guia ofereceu-se para conduzir-me ao aeroporto no dia da partida. Sabendo quão cansativo era dirigir na cidade, agradeci sua gentileza e boa vontade, mas disse que tomaria um táxi. O que fiz. Dessa vez, a ida ao aeroporto tomou menos de 10 minutos. Mas o motorista foi por fileiras de barracos, decadentes e esquecidos, cheios de pessoas rudes e evidentemente desocupadas e crianças sujas vestindo farrapos". (Bauman)

O trecho do brilhante sociólogo nos mostra a forma fiel de como o sistema de governo para as elites funciona. O prefeito governa para a cidade bem vestida. os segregados fazem parte do jogo apenas na hora de ceder-lhes o voto. O carnaval é uma ótima forma.

Caicó é separada nessas duas "cidades", mas homogenizada nesse comportamento instantâneo dos shows. O carnaval une as duas cidades em uma, somente aqui o prefeito mostra "eficiência" para todos, é por isso que no Seridó falta água, educação e saúde, mas nunca falta uma banda de forró na praça.

O mesmo Bauman nos mostra como isso acontece, neste momento em que vivemos em uma sociedade instantânea de espetáculo.

"Comunidades de carnaval precisam de um espetáculo que apele a interesses semelhantes em indivíduos diferentes e que os reúna durante um  certo tempo em que outros interesses - que os separam em vez de uni-los - são temporariamente postos de lado, deixados em fogo brando ou inteiramente silenciados' (Bauman)

Aproveitando-se dessa característica da nova geração da modernidade líquida e de espetáculo, os oligarcas do sertão fazem com que multipliquem-se os "carnavais", eles estão ocorrendo o ano todo com os chamados "carnavais fora de época, intercalados pelas festas de padroeiro.

Nada melhor para comprar-se um povo do que um "carnaval"; a cidade é extremamente atrasada educacionalmente, inclusive os professores estão sem receber salários, esses "administradores do verde-vermelho entravam qualquer possibilidade de avanços. Seria necessário que a cidade experimentasse uma administração de verdade, o que torna-se impossível sem educação, o ciclo é vicioso e não é atoa que ja dura mais de 50 anos.

Carnaval?
Que carnaval é este? é apenas uma coisa que usa da data histórica no Brasil; no Nordeste, particularmente, é um espaço lucrativo para os empresários que fazem o chamado "forró eletrônico ou da tão horrível música que surgiu na Bahia na década de 1990. Tudo parte da democratização da imbecilidade que apega-se às novas gerações do mundo todo, um modo de vida importado dos Estados Unidos, consumismo e espetáculo, consumo de bebida alcoólica, linguajar vulgar carregado de gírias próprias, todo um comportamento voltado para o erotismo extremado, é particularmente aqui que verificamos a transformação da mulher em objeto sexual, não de forma impostas, mas consensual, o que é pior ainda.

Enquanto os "blocos" desfilam é uma tragédia social que caminha nas ruas do pobre e mal-educado município, toda a precariedade histórica da educação caminha por ali. É muito difícil mostrar este problema por que ele é o modo de vida criado pela modernidade líquida de Bauman.

Na palavras do "prefeito" o carnaval "gera emprego e renda", como dizia o nosso eterno Cazuza:
"Transformam o país inteiro num puteiro
por que assim se ganha mais dinheiro".

Pois lá está, as  ruas interditadas e a cidade transformada em um puteiro, em nome de uma economia movida pelo consumismo.

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