Contracidadania - Afastamento e amesquinhamento da vida pública - Blog A CRÍTICA

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Contracidadania - Afastamento e amesquinhamento da vida pública

O Contracidadão é aquele indivíduo que é desprovido de tal forma do espírito público que atenta contra sua própria cidadania, seja na corrupção de gestores  ou na atitude daqueles que desperdiça água neste momento de escassez aqui no Nordeste às gargalhadas, é um corpo apolítico, portanto, não cidadão.

A distância ou a apartação da cidadania pode ser verificada pela ignorância política, pelo conformismo ou pela imbecilidade que sufoca a vida;  no primeiro caso a Obra Vidas Secas de Graciliano Ramos nos mostra uma passagem que sintetiza o distanciamento entro o homem e a cidadania, Fabiano depois de apanhar do Soldado Amarelo ouve o seguinte: “apanhar do governo não é desfeita”. E entendia menos ainda, não se convencia de que o soldado amarelo fosse governo. Fabiano pensava: “Governo, coisa distante e perfeita não podia errar. O soldado amarelo estava ali perto, além da grade, era fraco e ruim, jogava na esteira com os matutos e provocava-os depois. O governo não podia consentir tão grande safadeza”, Governo era coisa distante para Fabiano, o analfabetismo não lhe permitia ser governo, no Coronelismo o Camponês votava por gratidão ao patrão, não criava muitas expectativas políticas acerca do resultado; O conformista é aquele que pode até conhecer, mas não participa, pensa que não pode mudar nada e o imbecil está sendo produto da despolítica, esse rir de mais, destrói até o patrimônio público como se fosse grande feito.

A educação tem a capacidade de formar verdadeiros cidadãos, ativos e engajados politicamente, no entanto, não é qualquer ''educação" que tem essa capacidade.

A maioria dos nossos gestores são contracidadãos, além de aceitarem a troca de favores e o amesquinhamento das administrações. Existe um fato, realizado pelo mesmo Graciliano Ramos quando era Prefeito de Palmeira dos Índios-AL, "Graciliano determinou a limpeza de ruas e logradouros públicos, onde proliferavam animais vadios, lixo acumulado, lama e detritos. Os donos de cães e porcos, acostumados a deixá-los à solta, tomaram um susto quando os animais começaram a ser recolhidos. Mas resistiram, libertando novamente os animais. O prefeito ordenou que todos os bichos encontrados nas ruas fossem mortos, e que se multasse quem reincidisse. Ao saber que Sebastião Ramos não acatara a ordem, mandou o fiscal multá-lo. Magoado, o pai teve de ouvir uma admoestação:

– Prefeito não tem pai. Eu posso pagar sua multa. Mas terei de apreender seus animais toda vez que o senhor os deixar na rua" (Boitempo editorial).

Bem diferente dos quadros de nossas administrações, repletas de parentes, puxa-sacos e companhia.

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