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terça-feira, 16 de abril de 2013

Tortura-se e assassina-se no Mali sob a tutela das tropas francesas



Centenas de habitantes do Norte do Mali, alguns da etnia tuaregue, foram detidos sem culpa formada, torturados e, em alguns casos, assassinados pelo exército maliano desde o início da invasão e ocupação do país pelas tropas francesas, com apoio de outros países da NATO.

Numerosos detidos citados pela organização Human Rights Watch (HRW) e pela agência IRIN, do Gabinete de Coordenação das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, afirmam que continuam a ignorar as razões pelas quais foram presos, que não lhes foi proporcionado acesso a advogados e que foram torturados.

Dois homens de etnia tuaregue cujos casos foram acompanhados pela HRW foram mortos sob custódia na sequência de sevícias praticadas pelos captores. A HRW revela que foram presos em fevereiro, depois torturados por tropas malianas, protegidas pelos invasores franceses, na cidade de Léré, na região de Timbuctu, acabando por morrer em 11 de abril na prisão central de Bamako, a capital.

"Os homens chegaram em muito mau estado; um deles fora repetidamente agredido, apresentando hematomas e, possivelmente, uma costela partida", revelou Corinne Dufka, investigadora sénior da HRW para a África Ocidental. "Enquanto esteve detido pelo exército", explicou, "foi injetado com uma substância cáustica". Depois, acrescentou a investigadora, os homens "não receberam o tratamento de que necessitavam, pelo que as torturas prévias e os maus tratos contribuíram, sem dúvida, para a sua morte".
As sevícias dos protegidos das tropas francesas têm sido cometidas contra alegados militantes fundamentalistas, mas os inquéritos revelados por organizações humanitárias revelam que, em muitos casos, não existem indícios de que as suspeitas se confirmem.

"Os detidos descrevem que foram espancados, pontapeados, queimados, injetados com substâncias cáusticas e ameaçados de morte quando se encontravam nas mãos dos militares", afirma Corinne Dufka. "Os detidos foram interrogados por escolha aleatória e muitos sofreram torturas; um homem descreveu a prática de 'water boading' (simulação de afogamento comum entre soldados norte-americanos e agentes da 
CIA no Iraque, Afeganistão e Guantanamo) observada enquanto esteve nas mãos dos militares".

As tropas governamentais transportaram sete homens para Makala, na região de Gao, onde foram fotografados com armas de assalto e munições para que fosse documentada a sua alegada ligação a grupos armados. Nenhum deles recebeu assistência de advogados ou conhece as acusações contra eles proferidas.
Detidos afirmam igualmente que foram sujeitos à simulação de execuções, de acordo com a HRW, a Amnistia Internacional e a Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH).

Desde o início da invasão francesa do Mali registaram-se centenas de prisões e de desaparecimentos de alegados colaboradores dos fundamentalistas islâmicos. Muitas dessas pessoas pertencem a minorias étnicas do país, afirma Kadidia Sangare Coulibaly, presidente da CNDH. "É provável que muitas dessas pessoas, de quem continuamos a não ter notícias, tenham sido presas por alegada colaboração com os islamitas", acrescentou.

Alasani, um pastor tuaregue de uma aldeia próxima de Timbuctu, ouvido pela agência IRIN, disse que "ouviu falar de pessoas inocentes que foram presas, assassinadas e os cadáveres lançados para poços". Trata-se de vítimas pertencentes a grupos étnicos minoritários, razão pela qual muitos cidadãos malianos nessas condições não se arriscam agora a vender os seus produtos nos mercados, vivendo por isso em situação cada vez mais difícil.

BEInternacional 

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