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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Bancos europeus precisam de novo resgate de 770 bilhões de euros

Ainda que os líderes europeus assinalem que a crise está a chegar ao fim, a situação da banca é bem mais complexa do que aquilo que gostariam de aceitar. Uma investigação mostra que 109 bancos europeus encontram-se em sérias dificuldades e não se descarta o colapso de alguma destas entidades em 2014. Artigo de Marco Antonio Moreno, publicado em El Blog Salmón
Na Alemanha, França e Itália há bancos que estão à beira da falência e a debilidade da economia pode fazê-los desaparecer nos próximos meses. Nesse sentido, as provas de stress que se apliquem são cruciais para determinar a saúde do sistema. Até o momento, os testes de stress realizados à banca europeia foram demasiado brandos e condescendentes, com exigências de reservas de apenas 3 por cento (ou uma alavancagem de 33 vezes), que negam a realidade de um sistema que está à beira do abismo.
É por isso que o relatório publicado este fim de semana por Viral Acharya e Sascha Steffen, põe este tema sob o microscópio e defende uma exigência de reservas de 7 por cento, tal como estipulam as normas internacionais de Basileia III, ainda que o Reino Unido exija níveis ainda mais elevados que permitam à banca superar furacões sistémicos como os desencadeados depois da crise de 2008 sem obrigar ao resgate dos governos e contribuintes.
Caso se imponha na zona euro a exigência de 7 por cento de reservas à banca (um limite de alavancagem de 14,3), os bancos investigados requererão capital de 767 bilhões de euros (ver Tabela), para poder suportar novas tormentas no sistema financeiro. Isto indica que se a situação piora não se descartam novos resgates dos governos à banca, o que pode obrigar a novos ajustes e cortes orçamentais em momentos em que a economia ainda não supera o impacto da crise que estalou há seis anos. O Estudo realizado por Sascha Steffen, da Escola Europeia de Administração e Tecnologia (ESMT) de Berlim, e o seu colega da Universidade de Nova York, Viral Acharya, submete a rigorosas provas de stress a grande parte da banca europeia, cujos resultados resumem-se nesta tabela:
A investigação mostra que 109 dos 124 bancos europeus cujos dados se submeteram às provas de esforço, encontram-se em sérias dificuldades e não se descarta o colapso de alguma destas entidades em 2014. Os bancos franceses requerem capital adicional de mais de 285 bilhões de euros e os bancos alemães ainda requerem ajudas de 200 bilhões de euros. Só estes dois países requerem quase 500 bilhões de euros, soma equivalente ao total dos resgates realizados aos bancos europeus desde o início da crise. A banca espanhola não fica atrás e requereria capital adicional de 90 bilhões de euros. Steffen e Acharya recordam que o seu relatório inclui apenas 109 bancos, e que se se agregassem ao estudo os restantes 15 bancos as necessidades de capital seriam maiores.
Bombas relógio em França e Alemanha
Como temos assinalado noutros artigos, a banca encontra-se artificialmente à tona graças ao apoio dos governos e o respiradouro providenciado pelo Banco Central Europeu. O sistema colapsou depois do estalar da crise, produto dos massivos níveis de alavancagem que se geraram nos momentos da euforia do crédito. E como os líderes europeus centraram a sua atenção nos problemas da periferia (Grécia, Espanha, Portugal), não foram capazes de ver as bombas relógio ocultas em França e Alemanha, cujo sistema financeiro ainda requer mais de meio bilião de euros em ajudas dos seus governos e contribuintes.
A situação da banca italiana também é delicada e não se descarta que muitos bancos da península sejam nacionalizados, o que acenderia novamente o ventilador da crise do euro confirmando as declarações de Joseph Stiglitz no sentido de que “o euro tem sido um erro e os líderes europeus não têm sabido encontrar uma saída”.
O relatório de Steffen e Acharya assinala também que numerosos bancos débeis do Chipre, Bélgica e Espanha enfrentam problemas de capital e deverão solicitar ajudas dos governos. Em Itália é apontada a situação do Monte dei Paschi di Siena, um dos principais candidatos à falência, ainda que defendido das garras da banca externa pelos seus principais (e milhares) pequenos acionistas. Este banco tem tido nos últimos dois anos quase 8 bilhões de euros de perdas e requer uma injeção de capital de 3 bilhões de euros.
Artigo publicado em: elblogsalmon
Tradução de Mariana Carneiro para o esquerda.net

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