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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Instituto Paulo Montenegro e Ação Educativa mostram evolução do alfabetismo funcional na última década

O percentual da população alfabetizada funcionalmente foi de 61% em 2001 para 73% em 2011, mas apenas um em cada 4 brasileiros domina plenamente as habilidades de leitura, escrita e matemática 

O Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, parceiros na criação e implementação do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), lançam mais uma edição da pesquisa que completa uma década. Os resultados mostram que durante os últimos 10 anos houve uma redução do analfabetismo absoluto e da alfabetização rudimentar e um incremento do nível básico de habilidades de leitura, escrita e matemática. No entanto, a proporção dos que atingem um nível pleno de habilidades manteve-se praticamente inalterada, em torno de 25%.


Tabela I
Evolução do Indicador de Alfabetismo Funcional 
População de 15 a 64 anos (em %)      
 2001-2002
2002-2003 
2003-2004 
2004-2005 
2007 
2009 
 2011-2012
Analfabeto
 12
13
12
11
9
7
 6
Rudimentar
 27
26
26
26
25
21
 21
Básico
 34
36
37
38
38
47
 47
Pleno
 26
25
25
26
28
25
 26
Analfabetos funcionais  (Analfabeto e Rudimentar)
 39
39 
38 
37 
34 
27 
 27
Alfabetizados funcionalmente  (Básico e Pleno)
 61
 61
 62
 63
 66
 73
 73
 base
2002
2002
2002 
2002 
2002 
2002 
2002 

Fonte: INAF BRASIL 2001 a 2011

Obs.: Os resultados até 2005 são apresentados por meio de médias móveis de dois em dois anos de modo a possibilitar a comparabilidade com as edições realizadas nos anos seguintes.

Esses resultados evidenciam que o Brasil já avançou, principalmente nos níveis iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu progressos visíveis no alcance do pleno domínio de habilidades que são hoje condição imprescindível para a inserção plena na sociedade letrada. Segundo Ana Lúcia Lima, diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro boa parte destes avanços é devida à universalização do acesso à escola e do aumento do número de anos de estudo. Com efeito, de acordo com dados censitários produzidos pelo IBGE o número de brasileiros com ensino médio ou superior cresceu em quase 30 milhões na década 2000-2010, como mostra a tabela abaixo.


Tabela II
Escolaridade da população de 15 a 64 anos no Brasil / IBGE
Escolaridade
 Censo
PNAD
Sem escolaridade
10%
10.866.552
9%
11.766.782
Ensino Fundamental I
30%
32.599.656
18%
23.533.564
Ensino Fundamental II
28%
30.426.345
24%
31.378.086
Ensino Médio
24%
26.079.725
35%
45.759.708
Superior
8%
8.693.242
14%
18.303.883
TOTAL
100%
108.665.519
100%
130.742.024

Fonte: Censo Populacional IBGE 2000 e PNAD 2009

Entretanto, os dados do Inaf levantados no mesmo período indicam que estes avanços no nível de escolaridade da população não têm correspondido a ganhos equivalentes no domínio das habilidades de leitura, escrita e matemática. Somente 62% das pessoas com ensino superior e 35% das pessoas com ensino médio completo são classificadas como plenamente alfabetizadas. Em ambos os casos essa proporção é inferior ao observado no início da década. O Inaf também revela que um em cada quatro brasileiros que cursam ou cursaram até o ensino fundamental II ainda estão classificados no nível rudimentar, sem avanços durante todo o período.

Tabela III
Níveis de alfabetismo da população de 15 a 64 anos por escolaridade (em %)
Níveis
 Até Ensino
Fundamental I
Ensino Fundamental II
Ensino Médio
 Ensino Superior
2001-2002
 2011 
2001- 2002
2011
2001-2002
 2011 
2001-2002
 2011 
Bases 797536555476481701167 289 
Analfabeto
30
21
1
1
0
0
0
Rudimentar
44
44
26
25
10
8
2
4
Básico
22
32
51
59
42
57
21
34
Pleno
5
3
22
15
49
35
76
62

Alfabetizado Funcionalmente  (Analfabeto e Rudimentar)
73
65
27
26
10
8
 2
 4

Funcionalmente Alfabetizado  (Básico e Pleno)
 27
 35
 73
 74
 90
 92
 98
 96


"Apesar dos avanços, tornam-se cada vez mais agudas as dificuldades para fazer com que os brasileiros atinjam patamares superiores de alfabetismo. Este parece um dos grandes desafios brasileiros para a próxima década", avalia Ana Lúcia. "Os dados reforçam a necessidade de investimento na qualidade, uma vez que o aumento da escolarização não foi suficiente para assegurar o pleno domínio de habilidades de alfabetismo: o nível pleno permaneceu estagnado ao longo de uma década nos diferentes grupos demográficos".

Para Vera Masagão, coordenadora geral da Ação Educativa, os dados do Inaf mostram que a chegada de novos estratos sociais às etapas educacionais mais elevadas vem, muitas vezes, acompanhada da falta de condições adequadas para que estes estratos alcancem os níveis mais altos de alfabetismo, o que reforça a necessidade de uma nova qualidade para a educação escolar, em especial nos sistemas públicos de ensino. "Outro fator essencial para avançar é o investimento constante na formação inicial e continuada de professores, que precisam ser agentes da cultura letrada em um contexto de inovação pedagógica".

"Essa qualidade não envolve somente a quantidade de horas de estudo ou a ampliação da quantidade de conteúdos ensinados, mas também fatores como a adequação das escolas e dos currículos a políticas intersetoriais que favoreçam a permanência dos educandos nas escolas e a criação de novos modelos flexíveis que permitam a qualquer brasileiro ampliar seus estudos quando desejar, em diferentes momentos da vida", diz Vera.

 "Ao longo desta década consolidou-se a tendência de ampliação das oportunidades educacionais para todos os brasileiros, com avanços importantes nas regiões e grupos sociais com menor renda. Por outro lado, evidenciou-se a preocupação com os níveis insuficientes de aprendizagem revelada pelas avaliações em larga escala do desempenho escolar, como a Prova Brasil, o ENEM e outros de âmbito estadual e municipal", analisa Vera. "Nesse contexto, muitas iniciativas, em âmbito governamental e não-governamental têm sido postas em marcha para transformar o direito de acesso à escola no efetivo direito a aprender, não só na escola como ao longo de toda a vida".




Resultados por segmentos populacionais
  • As melhorias nos índices de pessoas funcionalmente alfabetizadas ocorrem em todas as faixas etárias, mas há persistências de proporções significativas de pessoas analfabetas entre os mais velhos. Em nenhuma das faixas etárias consideradas houve aumento significativo da proporção de pessoas no nível pleno.
  • Há uma correlação entre a renda familiar e o nível de alfabetismo, uma vez que a proporção de analfabetos e daqueles incluídos no nível rudimentar diminui sensivelmente à medida que aumenta a renda familiar. A evolução do Inaf nesses dez anos revela que os grupos que mais avançaram em termos de alfabetismo foram aqueles com renda de até dois salários mínimos, seguidos por aqueles com renda entre dois e cinco salários mínimos, sendo que a proporção de alfabetizados funcionalmente subiu de 44% para 60% e de 58% para 83%, respectivamente.
  • Apesar da redução da desigualdade entre brancos e não brancos em termos de escolaridade ao longo da década 2001-2011, o Inaf aponta, por exemplo, que a proporção de pessoas funcionalmente alfabetizadas atingiu 80% entre os brancos, 64% dentre os pretos/negros e 69% entre os pardos (o Inaf utiliza a mesma categoria cor/raça do IBGE, a partir da auto declaração dos sujeitos entrevistados).
  • Analisando a evolução do alfabetismo ao longo da década nas diferentes regiões do país, um dado que merece destaque é a região Nordeste que, em dez anos, conseguiu reverter a situação majoritária de analfabetismo funcional em 2001-2002 (51%), atingindo 62% de sua população entre 15 e 64 anos funcionalmente alfabetizadas em 2011.
  • Ao longo da década, observa-se, ainda, que houve melhora em relação ao alfabetismo tanto na área urbana quanto na rural. Embora o avanço da área rural tenha sido significativamente maior, persistem fortes desigualdades em favor das áreas urbanas: a proporção de analfabetos funcionais na área rural é de 44% e de 24% nas áreas urbanas.
Fonte: INAF

    

Conheça mais sobre o Inaf Brasil - 2011-2012: 
Versão integral do relatório em formato PDF para download - pode ser acessado clicando aqui

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