Não
fosse neste ano de 2014 seria em outra data próxima, o Brasil sediaria o grande
evento Copa do Mundo. Pela tradição do evento no país, pelo tempo já decorrido
desde 1950 (inclusive pela derrota naquele mundial), pela estabilização
econômica desde a década de 1990 e pelas possibilidades elevadíssimas de
inversão de capital nas grandiosas obras por parte dos investidores, mas o
fato, digamos diferenciado, desta realização do Mundial foi ter se deslocado o
evento de uma realização de sonho a um momento de contestações sociais dos mais
incisivos de nossa história.
Se
tivéssemos perdido a disputa naquele dia 30 de Outubro de 2007 certamente
teria-se criado o discurso de fraqueza, falta de competência para sediar evento
de tal porte; em seguida houve a briga para a escolha das cidades-sede,
poderiam ser oito mas a grandeza territorial e a pressão de chefes de vários
estados não se conformaria com algo menor do que 12; depois veio a hora de
construir as arenas, muitas e caríssimas, se não tivessem sido construídas
surgiria o coro de que a copa seria feita em estádios velhos e de Terceiro
Mundo.
Digo
tudo isso não para justificar os gastos elevadíssimos, mas somente para tentar
demonstrar que este evento seria realizado de uma forma ou de outra no país e
da forma que fosse feita se gerariam “conflitos”, e o grande legado da Copa
fora justamente este:da fatalidade surgiu a intensificação das exigências
cívicas por zelo semelhante com serviços públicos.
A
Copa no Brasil tornou-se um pouquinha estranha, a Copa no Brasil torna-se
“folclórica”, agora ela vem com um peso de ter sido feito às custas de gastos
excessivos e conhecemos de pertinho a FIFA, entidade multibilionária, com
exigências comercialescas absurdas, onde, parece o que menos interessa é o
futebol em si; claro que vai haver torcida, não sabemos se os protestos serão
tão intensos como foram em 2013 na Copa das Confederações, mas o fator inegável
é que sempre que se olhar para uma bela arena de Copa do Mundo alguém dirá: poderiam
ter sido gastos os recursos aí investidos em saúde e educação.
Portanto,
a Copa foi uma típica tragédia Grega, aconteceu por que era inevitável, mas
nesse caso, o destino não nos deixara conformados.
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