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terça-feira, 17 de junho de 2014

BP: Participação do carvão na matriz mundial é a maior desde 1970

Relatório da gigante britânica do setor de energia mostra que, mesmo com o avanço das fontes renováveis, o carvão responde atualmente por 30,1% do mix global

Autor: Jéssica Lipinski e Fabiano Ávila   -   Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Apesar de todas as marcas alcançadas pelas fontes renováveis de energias nos últimos anos, com recordes de instalação sendo batidos com frequência, é o carvão o combustível que mais está atendendo à demanda causada pelo crescimento do consumo mundial de energia.

Essa é a constatação que faz a Revisão Estatística sobre a Energia Mundial em 2014 (BP Statistical Reviewof World Energy June 2014), publicada nesta segunda-feira (16) pela gigante britânica BP.

De acordo com o documento, o consumo de carvão cresceu 3,7% no último ano, respondendo hoje por 30,1% da matriz energética mundial, a maior taxa desde 1970. Porém, a taxa de crescimento vem desacelerando, já que a média da década foi de 9%.

Mesmo a União Europeia, uma grande incentivadora do uso de energias renováveis, está entre as regiões que aumentaram o uso carvão no último ano, importando uma quantidade maior dos EUA, onde o carvão tem sido substituído pelo gás natural pelo fato deste último apresentar preços menores nos últimos anos.

O dado que talvez possa ser comemorado é o de que os países emergentes, em especial a China, que é a maior consumidora de carvão no mundo, mostraram uma desaceleração no crescimento do uso. Em 2013, o carvão respondeu por 67,5% da matriz do país, o valor mais baixo já registrado.  Mesmo assim, as emissões de gases do efeito estufa do setor de energia da China subiram 4,2% em relação ao ano anterior.

O petróleo continua a ser o principal combustível mundial, tendo uma participação de 33% no consumo global de energia. Nos últimos 14 anos, contudo, tem perdido mercado, e essa porcentagem foi a participação mais baixa desde que a BP começou a compilar esses dados, em 1965.

O relatório aponta que as fontes renováveis respondem hoje por 5% da matriz mundial, sendo que o maior crescimento se deu na China, e em seguida, nos Estados Unidos. O uso de fazendas eólicas para geração de eletricidade aumentou 21% no último ano, e a energia solar cresceu ainda mais rapidamente, 33%.

“Renováveis só conseguem avançar com subsídios. O grande desafio é tornar essas tecnologias competitivas com relação aos combustíveis fósseis – como vemos com a energia eólica em algumas partes dos EUA e com os biocombustíveis no Brasil”, afirmou Bob Dudley, diretor executivo do Grupo BP.

No total, o consumo de energia cresceu 2,3% em 2013, mais rapidamente do que os 1,8% em 2012, mas abaixo da média dos últimos dez anos, 2,5%. Os países emergentes responderam por 80% desse crescimento.

“Os dados nessa revisão mostram um sistema flexível de energia global se adaptando a um mundo em transformação. Isso demonstra como a busca do mundo por energia segura e com preço justo pode ser atingida através de indústrias competitivas que levam à inovação e políticas de governo inteligentes que amplifiquem a energia criativa”, disse Bob Dudley, diretor executivo do Grupo BP.

Entretanto, Nick Stern, autor do famoso relatório Stern Review, não se mostra tão otimista quanto ao panorama energético mundial, e afirma que sua última pesquisa que sugere que a demora na substituição dos combustíveis fósseis por renováveis pode intensificar ainda mais as mudanças climáticas, o que pode ter um impacto catastrófico na economia.

“É extremamente importante entender as limitações severas dos modelos econômicos padrão, que fizeram suposições que simplesmente não refletem o atual conhecimento sobre as mudanças climáticas e seus possíveis impactos na economia”, comentou ao jornal de Guardian.

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