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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Saskia Sassen – as cidades do futuro e o fim do campesinato

Saskia Sassen é professora da Universidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos. Ela foi agraciada com o Prêmio Príncipe de Astúrias em Ciências Sociais e dedicou sua carreira acadêmica para o estudo das cidades e a globalização.
Autora de vários livros, incluindo o mais popular: "Território, autoridade e direitos", "A Cidade Global", "A sociologia da globalização", entre outros. Seu mais recente trabalho, intitulado “Expulsions Brutality and Complexity in the Global Economy, publicado pela Universidade de Harvard, examina as implicações da mineração descontrolada, a poluição da água, do ambiente e da biosfera, a partir de um modelo econômico predominante. 

El Espectador falou com ela durante o Fórum Mundial Urbano VII, que acontece na cidade de Medellín, onde ela será uma das principais oradoras.
Qual é a solução para acabar com problemas de mobilidade aos quais várias cidades latino-americanas em crescimento estão enfrentando?
Gerar espaços urbanos organizados em vários nós ativos, como mini-cidades, onde se evitem grandes deslocamentos de pessoas pela cidade, proporcionando a possibilidade de que seus empregos estejam mais próximos e se supram as pequenas necessidades dos consumidores com  fábricas, oficinas, bibliotecas públicas etc. Outra maneira de resolver esses gargalos no curto prazo é o de maximizar o uso de bicicletas e ampliar os corredores para a caminhada.
Que papel podem cumprir os governos locais na redistribuição da riqueza e la justiça espacial nas cidades?

Podem desempenhar um papel fundamental, mas especialmente se eles colaboram com organizações dos cidadãos da cidade. No final você tem que mobilizar os cidadãos, as contribuições para a solução dos problemas não podem vir somente a partir dos especialistas que estão dentro ou fora do governo. Cada bairro deve ser um ponto focal neste processo. A apropriação da cidade por seus habitantes é o que tentamos desenvolver através de vários projetos que trabalham em conjunto com a ONU-Habitat, incluindo o grande projeto de "The New Carta de Atenas", de Joan Clos.
Pensa que a agricultura urbana poderia ser uma forma viável para suprir as necessidades alimentares dos diferentes habitantes das cidades do futuro?
Estamos começando, mas há tanto interesse e tanta necessidade  que este é apenas o começo, não podemos sequer imaginar o quão incrível  poderia ser este desenvolvimento.
É importante a existência de uma agricultura próspera e forte para ter cidades democráticas? 
Claro que sim. Precisamos gerar conexões sistemáticas com amplos espaços para todos os atores na cidade e além dela. Precisamos gerar espaços operacionais que nos permitam uma maior interação entre o rural e o urbano, o campo e a cidade.
Então propõe eliminar o olhar de desprezo sobre o campo e entender que a cidade tem uma relação orgânica com o campo...

Considerando o Congresso de Urbanismo em Medellin e a situação dos agricultores colombianos, pergunto: até onde eles vão quando são expulsos de suas terras? Às cidades. É aqui, neste momento em que o conceito de "urbanização" contém em si a sua dimensão rural, ou seja, que parte da urbanização e o aparecimento de populações é o resultado de despejos de camponeses e pequenos empreendedores rurais de seu espaço de vida. Esta presença da dimensão rural na urbana permanece nas sombras devido a alguns discursos que tentam esconder ao conceituar o mundo urbano. E é aí que eu concentro minha pesquisa e teorização, em lugares onde as teorias grandes pararam de investigar. 

O campesinato está desaparecendo em todo o mundo. Que consequências as cidades sofrem se e reduz ao máximo os agricultores? 

Um aspecto importante da compra de terras é que leva a uma expulsão em massa de indústrias rurais, pequenas economias do povo e, é claro, as histórias que têm significado para a vida desses agricultores. O que acontece quando a China compra 2,8 milhões de hectares na Zâmbia para estabelecer uma plantação de óleo de palma para biocombustíveis? E este é apenas um dos 15 governos que têm adquirido um lote de terras lá nos últimos 7 anos. Há também um despejo ou expulsão de vida selvagem de aldeias inteiras e economias rurais, onde o território nacional (capacidade complexa) vai para uma condição elementar onde a terra vai à venda.
Artigoo de Steven Navarrete Cardona, publicado em elespectador.com 

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