Apesar das taxas 0% do BCE, as empresas do sul da Europa pagam juros recordes - Blog A CRÍTICA

"Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados." (Millôr Fernandes)

Últimas

Post Top Ad

sábado, 30 de agosto de 2014

Apesar das taxas 0% do BCE, as empresas do sul da Europa pagam juros recordes

A taxa de juro para o sistema financeiro encontra-se à volta dos zero por cento, mas para as pequenas e médias empresas do sul da Europa localiza-se em torno dos 5 por cento, e longe dos 2 por cento que pagam as empresas alemãs. 

Por Marco Antonio Moreno.

Gráficos retirados do relatório do FMI "Euro area policies", de julho de 2014
O custo para as empresas do sul é hoje mais caro que antes da crise. Isto confirma que as baixas taxas de juro só têm servido para aumentar a riqueza da oligarquia financeira. O gráfico foi tomado de um relatório do FMI que dá conta do nulo contributo das políticas do BCE para resolver os problemas cruciais da crise europeia como o emprego e o crescimento. As baixas taxas de juro só beneficiaram os grandes bancos que podem pedir dinheiro emprestado ao custo mais baixo da história, enquanto as empresas que dão vida à economia real pagam juros recorde.
Para as empresas do sul da Europa o custo real do crédito aumentou consideravelmente. As taxas de juro atingiram os níveis anteriores à crise financeira o que constitui uma enorme anomalia se do que se trata é de melhorar a atividade económica, mais ainda quando esta não voltou aos níveis prévios à crise. Além disso, em Espanha, Portugal e Itália, o custo do crédito subiu muito mais rapidamente do que na zona euro no seu conjunto. As políticas do BCE não são equitativas e há uma evidente discriminação quando se trata de “emprestar dinheiro” na Europa.
A contração do crédito para as pequenas e médias empresas nos países do sul pode ter sérias consequências e deitar por terra os planos de recuperação. Em Espanha, Portugal e Itália 80 por cento dos postos de trabalho e 70 por cento do valor agregado é contribuído pelas pequenas e médias empresas. Se a troika não foi capaz de impulsionar mecanismos de apoio para as empresas que são chave na criação de emprego e crescimento, fica claro quais foram as prioridades das suas políticas: salvar a banca e os mais ricos.
A política das baixas taxas de juro não tem ajudado à criação de emprego como ilustra este gráfico extraído do relatório do FMI. O desemprego juvenil continua em níveis historicamente altos, apesar do custo do dinheiro para os governos também ter diminuído. As taxas de juro dos títulos da dívida soberana a dez anos encontram-se em 2,45 por cento para a Itália, 2,22 por cento para a Espanha e 3,03 por cento para Portugal. Mas as empresas destes países pagam o duplo, e em comparação com as empresas da Alemanha, pagam o triplo.
O BCE encontra-se na grande encruzilhada de encontrar mecanismos para facilitar o crédito às pequenas e médias empresas do sul, a taxas comparáveis às dos países do norte. Poderá Mario Draghi cumprir esta tarefa com a aplicação de políticas para dar força à procura agregada?
Artigo de Marco Antonio Moreno, publicado em El Blog Salmón. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Bottom Ad

Pages