Quando no sertão, no pé da serra, o que mais encanta, certamente, são os finais de tardes, já chegando a noite; o sertão quando não tem lua, escurece pra valer, quando tem e ela está com toda a força uma alvura se espelha pelas terras brancas criando um contraste espetacular.
O nome disso é saudade, foi isso que fez a música nordestina forra do Nordeste. Saudade da fogueira de São João no terreiro, da época da colheita e até mesmo, do mato seco.
Plantar milho, feijão, a terra molhada, os passarinhos cantando. Quem é de um tempo e cultura que deixa de existir, criaturas quixotescas, não se adapta com a sociedade que engole a sua de direito, a qual se apega.
Agora resta a fantasia, o suspiro desesperado final. A saudade da distância geográfica deixa a possibilidade de retorno; a saudade de um tempo passado deixa a certeza de que a tendência é o apagamento total.
Pra quê um jovem nordestino vai ler A Bagaceira, Menino de Engenho, Vidas Secas, tempo que lhe parece aberrante, uma vida rural diferente. Qual sentido tem aquelas músicas falando de seca e de roçado?
Quando uma sociedade engole outra a tendência é se desfigurar o passado, torná-lo feio e muito pior do que o presente; para os quixotescos é o oposto, mas além disso procuram viver no passado.
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