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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Dinheiro barato, bolhas e novo tsunami financiero

Por Marco Antonio Moreno El Blog Salmón
Embora já comecem a se manifestar timidamente os efeitos da implosão da bolha do  fracking nos Estados Unidos como revela este artigo da El Economista com os tremores que começam a sofrer a banca, o fato é que essa nova fase está em sua infância e é um efeito colateral da crise que eclodiu em 2008. o resgate empreendido pelos principais bancos centrais de todo o mundo para o colapso do sistema financeiro em 2008 foi o salto monetário mais importante e perigoso da história econômica do mundo.

A banca, arrastando uma situação de grande alavancagem e podridão especulativa acumulada desde os anos 80, com a chegada da era Greenspan, veio à tona em 2008 e colocou em xeque Wall Street e todo o sistema financeiro. As crises da década de 90 em países periféricos e os salva-vidas monetários, foram o preâmbulo da crise das grandes potências. Esse foi o lugar perfeito para soltar todo o sistema agora, e com ele toda a podridão especulativa que veio desde os dias de Reagan e Thatcher. No entanto, Ben Bernanke, fiel discípulo de seu mestre Alan Greenspan continuou a receita do seu antecessor na Reserva Federal, e produziu um plano de resgate de 16 trilhões de dólares (16.000.000.000.000), escondidos do público  e em absoluto sigilo.

Esse resgate não só incluiu os bancos norte-americanos, como o Bank of America, Goldman Sachs e Citigroup, mas também os bancos alemães como o Deutsche Bank e Dresdner Bank), França (BNP Paribas, Société Générale), Reino Unido (Barclays, RBS bank of Scotland) e Suíça (UBS, Credit Suisse), entre muitos outros.

Encobrindo a crise terminal

Este feito escandaloso ajudou a encobrir a crise terminal do sistema financeiro, é claro, não era uma crise global ou nenhuma crise em absoluto. Foi apenas a crise de um sistema corrupto que levou todos os maus hábitos que pode das mãos desse discípulo furioso de Ayn Rand que era Alan Greenspan. Como indicado mais tarde, o relatório do GAO, o sistema financeiro dos principais bancos globais estava em uma situação catastrófica e cheio de contratos falsos, incorretos ou fraudulentos que deviam ser pagas.

Desde então, o saldo conjunto do Fed, do BCE e do Banco do Japão foi de 3,5 trilhões, ou cerca de 11 por cento do PIB antes da falência do Lehman, passou a  11 trilhões de dólares, ou 30 por cento do PIB combinado do chamada G-3. Foi a primeira entrega barato para os bancos que, longe de fluindo para a economia real o fizeram d um grande cassino financeiro que entregava grandes lucros. Os bônus e prêmios de sete dígitos foram distribuídos para aqueles que faziam o trabalho de Deus, como disse em uma zombaria verdadeira de todo o planeta o CEO da Goldman Sachs, Lloyd Blankfein.

Com o tempo tudo isso foi esquecido embora a impressão de dinheiro tenha continuado a toda marcha. E quem  dizia vir uma hiperinflação galopante, não viram a inflação maciça de ativos financeiros. Por isso não é de surpreender que os setores que viveram  uma subida de emprego neste período (como na década de 90 e na década seguinte) foram os relacionados a bolhas que cimentaram o sistema financeiro. Todos os setores não ligados a uma bolha de crédito estagnaram. A assimetria deste processo gerou uma parede invisível, onde a indústria financeira é favorecida sobre o resto. Os setores produtivos da economia real entram em declínio e o fator  trabalho foi um dos mais atingidos.

Privilégios da especulação

As injeções de liquidez por parte dos bancos centrais não deram um impulso à economia real e sem se criou empregos nos setores reais ,exceto naqueles diretamente ligados à bolha. Tal como foi a tendência desde os anos 80, onde foi privilegiado o setor financeiro, foi isto que impulsionou suas atividades atraentes para os lucros fáceis da especulação, tema muito debatido neste blog. Prova da especulação foi uma inflação galopante dos próprios ativos financeiros (Bolhas) que não causaram nenhuma inflação real, porque o dinheiro fluiu apenas para os setores especulativos e incentivaram mais bolhas.

Longe de estimular a economia real, o tsunami de crédito barato dos bancos centrais injetou dinheiro em setores que já estavam sobre-endividados, acelerando a cadeia de maus investimentos, graças aos benefícios das bolhas alcançarem uma capitalização de 75 bilhões de dólares (todo o PIB global), triplicando seu valor de 25 bilhões de dólares de março de 2009, e controlando um mercado de derivados financeiros na ordem de 700 bilhões de dólares. Isto significou a destruição de qualquer vestígio de estabilidade para o sistema financeiro. Em outras palavras, o sistema financeiro se tornou um campo minado dado que tem manipulado os preços de todos os ativos financeiros. Enquanto os mercados de renda fixa foram comprimidos em todo o mundo, os mercados de rendas variáveis  estão em um turbilhão de volatilidade pela busca insaciável de lucro de curto prazo. O mundo está sem projetos de futuro e os atuais investimentos especulativos consolidam o conceito de "exuberância irracional".

Maus investimentos

Um desses maus investimentos  foi no fracking, ou fraturamento hidráulico, realizado nos Estados Unidos para alcançar a sua "independência energética". As perfurações em rochas de xisto a 9.000 metros de profundidade foi facilitada pelos altos níveis a que se manipulou os preços do petróleo desde mediados de 2009. A bolha do fracking, ativada por meio de perfuração horizontal para extrair petróleo a um custo de US$ 75-80 barril, embora o óleo de perfuração vertical convencional custe 30-40 dólares. Agora foi confirmado que a extração de óleo via fracking não só é caro, mas é rapidamente esgotado, e também envolve sérios riscos para o meio ambiente, a poluição das águas subterrâneas, a bolha do fracking faz a sua explosão.

Com os preços do petróleo chegando a US $ 50 o barril em breve parará a perfuração e o alavancamento do setor, que o Deutsche Bank estima em 550 bilhões de dólares, vai constranger o novo sistema financeiro. O problema, como mostrado, não é a queda nos preços do petróleo, que muitos vêem como um imposto e um fenômeno que pode ser levantado por 0,4 por cento do PIB global. Em junho de 2009, observávamos que o maior pacote de estímulo para a economia não veio de bancos centrais, mas da queda dos preços do petróleo acima de US$ 147 o barril em julho de 2008 a US$ 35 alcançado em Janeiro de 2009.

Agora dizer o mesmo não é tão simples dado que o que está  em colapso não é o preço do petróleo em si, mas a enorme bolha que o manteve artificialmente elevado durante anos. O que está acontecendo agora é que todas as bolhas que ocultaram com dinheiro barato seus elevados níveis de risco estão a sair do esconderijo. Após o colapso da bolha do petróleo não tardará a implodir novas bolhas que serão autênticas bombas-relógio. Não há nada de especial nisso e, de fato, até mesmo o Fundo Monetário Internacional e o Banco de Pagamentos Internacionais têm alertado. O que se tem de ter em conta é que desta vez o tsunami financeiro será muito pior e muito mais grave e de magnitudes muito mais violentas do que o momento Lehman.

O que antecipa o maior impacto deste choque é o fato de que os bancos centrais não podem continuar a imprimir dinheiro para disfarçar o mal chamado de estímulo econômico, uma vez que esta política só alimenta bolhas que cedo ou tarde estouram como bombas-relógio. Também não podem apelar para a ferramenta taxa de juros, dado que se encontram em níveis historicamente baixos. Avizinham-se graves turbulências que podem inviabilizar a incipiente recuperação. Neste cenário, nem a queda do preço do petróleo será um impulso como foi no ano de 2009.

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