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sábado, 12 de dezembro de 2015

Colapso do aço e do petróleo, as consequências não advertidas do acidente chinês


por Marco Antonio Moreno
Não é nenhum segredo que as matérias-primas tiveram um horrendo 2015. A combinação desagradável de uma fonte transbordante e a demanda fraca está causando danos graves nos países produtores. Todos os preços caíram: desde o petróleo aos metais industriais, tais como alumínio, aço, cobre, platina e paládio. Na China, a indústria siderúrgica enfrenta seu pior momento após o boom que levou o gigante asiático a ser o maior produtor e consumidor do metal. O preço do aço caiu 30,6%  este ano depois de cair por quatro anos consecutivos: de 7,8% em 2011; 11,6% em 2010; 7,6% em 2013 e 16% em 2014, segundo os dados citados pelos Diário do Povo da China.
Ainda assim, as siderúrgicas chinesas não detiveram a produção e passaram a produzir 881 milhões de toneladas em 2011, para 951 milhões de toneladas em 2012, 1.7 bilhões de toneladas em 2013 e 1,13 bilhões de toneladas em 2014, criando uma superabundância sem precedentes no mesmo ritmo do estouro de sua bolha imobiliária. Agora que a construção caiu 20 por cento e tanto a indústria automobilística como a indústria naval definham, o aço, como o petróleo, se acumula nos estoques  causando uma enorme dor financeira.
Como indica o Diário do Povo, o índice PMI da produção industrial chinesa caiu em 37 em novembro, para seu valor mais baixo em sete anos. Uma cifra abaixo de 50 indica que a indústria está se contraindo. Como grande parte das siderúrgicas são estatais, ao manter a produção impulsionam o PIB local, mas isso cria enormes desequilíbrios financeiros. Esse sangramento está gerando uma seqüência interminável de perdas para o gigante asiático, com o declínio de suas reservas de dólares e aumento da fuga de capitais em novembro atingiu 113 bilhões de dólares, em comparação com 37 bilhões em Outubro.
Se o aço é a principal dor da China, os países mineradores chineses e os produtores de petróleo também vivem momentos amargos. O petróleo deslizou abaixo US$ 37 o barril nesta terça-feira pela primeira vez desde fevereiro de 2009. A situação é tão ruim que esta semana o índice de commodities de Bloomberg, que segue uma ampla faixa de produtos básicos, caiu para o menor nível desde junho de 1999. É o pior declínio desde a eclosão da crise financeira em 2008 e é um indicador que fica pior a cada dia.
Novo drama para o emprego
Novas evidências de estresse financeiro da mineradora Anglo American são esmagadoras. A gigante mineradora disse que vai suspender seu dividendo e vai vender 60% de seus ativos, o que poderia levar a uma redução de 85.000 postos de trabalho. A queda nos preços tem um impacto sobre o valor das ações. Principais índices de ações não param sua queda: o Dow Jones, o Ibex 35, o Dax e FTSE não param a sua queda.
Isto levanta preocupações sobre o estado da economia global. Os mercados estão em modo de pânico e a queda da demanda global acelera o colapso geral de preços. México, Brasil, Austrália, Nigéria reduziram drasticamente sua atividade econômica nos últimos trimestres. Que empurra para baixo os preços das commodities.
A crise nos países produtores de petróleo está gerando numerosos incumprimentos e falências por falta de liquidez. Ao mesmo tempo, a própria crise que vivem os países europeus ou o Japão não lhes permite aproveitar os benefícios destes preços baixos. A economia europeia está claramente estancada e assim o confirmam os índices de produção industrial. A desaceleração econômica diluiu o otimismo que prevaleceu no início deste ano, quando se anunciou uma forte recuperação. Esse otimismo foi o que acelerou a concessão de créditos que não podem ser pagos. A incapacidade de medir as consequências da desaceleração na China tem o mundo novamente enfrentando uma tempestade perfeita.

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