O forró eletrônico é a maior "indústria" do Nordeste - Blog A CRÍTICA

"Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados." (Millôr Fernandes)

Últimas

Post Top Ad

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O forró eletrônico é a maior "indústria" do Nordeste


por Luiz Rodrigues - editor-chefe

O título é apenas uma suposição em termo numéricos-estatísticos, pois, não disponho de cifras comparativas entre diferentes setores da economia regional, no entanto a abrangência "societal", por se tratar de uma indústria em grande parte simbólica, ou seja, destituída de materialidade e com influência maciça nas vidas das pessoas pertinente tal categorização.

Uma região com um litoral propício ao turismo fez da chamada indústria do entretenimento o negócio mais rentável; proveniente da mentalidade oportunista (sem sentido deturpador) às situações de negócios do empresário Emanoel, que percebeu uma chance clara de lucro com esse tipo de atividade, adaptou a música regional, eminentemente rural, e a deu estilo urbano com a cara do fim do século XX e tornou uma mega indústria cultural no sentido frankfurtiano.

Genuinamente o Forró eletrônico é uma indústria, não há outra classificação, nem se trata de ressentimento; não há outra forma de entendê-lo. A crítica da escola de Frankfurt é de que a arte tornada mercadoria deixa de ser arte e passa a ser apenas uma mercadoria, perdendo, assim, as qualidades artísticas.Agora, se se fizer a análise pelo sentido puramente econômico, se elogiará o forró eletrônico com uma fonte de rendas sem precedentes. A questão moral: se é válido ou não fazer da arte uma mercadoria, essa não responderei aqui, deixo para outro momento, e para a consciência de cada um.

Um dos grandes símbolos do Forró eletrônico é a rede de rádios SomZoom Sat, a primeira emissora sediada em uma cidade nordestina a transmitir em rede nacional, daí pra ver a força econômica derivada dessa indústria, aliás o grupo SomZoom prepara agora uma emissora de TV que certamente deve seguir o caminho da rádio. A SomZoom parte de uma produtora e funciona como elemento difundidor do "discurso" do forró eletrônico, veja-se: é uma indústria com estratégias comerciais.

Por toda a região os cartazes ficam fixados em paredes e muros pelas cidades do interior e nas capitais, festas passadas e futuras, vaquejadas; é como se o Nordeste fosse um grande clube para exploração dos empresários do forró eletrônico. A vida das pessoas conflui em torno dos eventos que vão se sucedendo nas diferentes regiões.

A difusão midiática é algo impressionante, além da SomZoom, a grande lançadora de novos "produtos", todas as rádios da região têm em suas grades a maior fatia da programação musical com este gênero. Não há no Nordeste quem não ouça Forró eletrônico, quer goste quer não, não há liberdade neste sentido. Não dar, por outro lado, para negar sua inafastabilidade quando se pretende estudar sociologicamente o Nordeste.

A economia moderna em todos os países diminui a participação da indústria no PIB, passando a ocupar o posto de maior componente o setor de serviços; aqui não há uma transição, já que a região não seguiu a industrialização do Brasil, concentrada no Sudeste.Os municípios, emancipados em demasia via populismo municipalesco, são deficitários, mal estruturados, amesquinhados politicamente (como diria Victor Nunes Leal) ao extremo e, onde, os problemas da modernidade doentia brasileira vão se assomando. Uma indústria onde a crise sequer se avizinha é a do Forró eletrônico...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Bottom Ad

Pages